Dez anos depois da lei, relatório mapeia quem são os anticotas do Brasil

Relatório do Observatório da Branquitude mostra que quase metade dos projetos de lei que tramitam no Congresso quer enfraquecer a lei de alguma forma

Dez anos depois da aprovação da Lei de Cotas no Brasil, a discussão sobre a implementação e eficácia ainda permeia o debate público. A legislação, que causou polêmica quando foi proposta, mudou a cara das universidades brasileiras. Relatório do Observatório da Branquitude, divulgado nesta quarta-feira, dia 24, mostra que quase metade de todos os projetos de lei que tramitam no Congresso quer enfraquecer a lei de alguma forma.

Das 30 propostas feitas durante a última legislatura, 11 são favoráveis, três neutras e 11 são contrárias às cotas, de acordo com o relatório. Dessas, três foram propostas por partidos de esquerda e centro-esquerda e oito por partidos de direita. De acordo com Thales Vieira, coordenador executivo do Observatório, a análise mostra como a política pública sofre de ameaças constantes. “A gente tem o Congresso mais conservador dos últimos tempos. Com a aproximação das eleições, a gente não acha que será pautado por agora, mas sempre é uma ameaça”, afirma.

O relatório chamado Quem são os anticotas do Brasil analisou qual a visão do Brasil sobre a política pública em três setores: intelectuais, imprensa e no Poder Legislativo. Segundo Thales, o resultado mostra que os dois primeiros setores mudaram a percepção sobre as cotas após os resultados da política, porém, os argumentos contrários usados por esses setores há mais de dez anos são utilizados até hoje pelo Congresso para ameaçar a lei. “Teve uma mudança de humor calcada nos resultados positivos que a política trouxe, mas a pesquisa percebe que os posicionamentos contrários por parte da imprensa e intelectuais formam o posicionamento da política”, explica. “É o que a gente chama de síndrome de Curupira. O corpo avança para o sucesso, mas os pés continuam apontando para trás”, completa.

Leia na íntegra: Correio Braziliense