UFSC vai avaliar punição a alunos presos por nazismo

Os alunos envolvidos, conforme reportagem do Fantástico, são estudantes dos cursos de Letras, Engenharias e Direito

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) vai avaliar em uma reunião nesta segunda-feira, dia 24, uma possível punição aos alunos presos por suspeita de neonazismo, segundo o NSC Total. O caso foi revelado pelo Fantástico no domingo, dia 23, e, segundo a investigação da Polícia Federal, dos seis suspeitos presos, quatro estudam na instituição.

A informação foi dada ao NSC Total pela vice-reitora Joana Célia dos Passos. Segundo ela, a universidade tomou conhecimento sobre o fato por meio da reportagem. Os alunos envolvidos, conforme o Fantástico, são estudantes dos cursos de Letras, Engenharias e Direito.

Em nota publicada nesta segunda-feira, a UFSC afirmou que rechaça toda e qualquer fora de nazismo, e informou que a Administração Central tomou conhecimento através da imprensa do envolvimento de estudantes com movimentos neonazistas. “Ao tempo em que cumprimenta a ação da Polícia Civil na investigação, oferece colaboração para o total desvendamento e punição a este crime. De sua parte, a UFSC solicitará às autoridades informações sobre os estudantes presos, para a adoção das medidas disciplinares cabíveis. A universidade também reforça que a Ouvidoria mantém canais para recebimento de denúncias, com a finalidade de mapear qualquer indício de redes neonazistas na UFSC”, diz a nota.

O documento ainda complementa que, “em outras frentes de atuação, a UFSC informa que o Conselho Universitário, em sessão realizada no dia 11 de outubro de 2022, aprovou uma moção de repúdio ao racismo, após o relato de casos ocorridos em unidades acadêmicas”. A universidade ressalta ainda que uma política de enfrentamento ao racismo, construída em colaboração com entidades estudantis e representantes do movimento negro, será levada a consulta pública no início do mês de novembro, sendo posteriormente apresentada ao Conselho Universitário.

A nota finaliza dizendo que “a UFSC repudia toda e qualquer ação racista e que atente contra os direitos humanos e o patrimônio ético, científico e cultural da instituição”.

Entenda o caso

A polícia prendeu um grupo de jovens acusados de neonazismo, em Santa Catarina, e faz um alerta para os novos símbolos usados por extremistas. A operação foi na última quinta-feira, dia 20, e o Fantástico acompanhou.

A investigação começou em abril deste ano, quando um homem foi preso por tráfico de drogas. Na casa dele, foram encontradas bandeiras neonazistas e uma arma de fogo ilegal.

A partir dessa apreensão, a polícia iniciou uma investigação cibernética que encontrou os vídeos que são exibidos com exclusividade nesta reportagem – as identidades dos integrantes não serão reveladas, a pedido da polícia, para não atrapalhar a apuração do caso. A Justiça decretou a prisão de seis pessoas.

Quando o primeiro membro foi preso, junto com as bandeiras nazistas, a polícia encontrou uma impressora 3D. Ela era utilizada pelo grupo para fabricação de peças de arma de fogo, e eles estavam produzindo um protótipo uma carabina semiautomática em calibre 9mm. Divulgada em fóruns on-line de extremistas, é uma arma que pode ser feita em casa. No Brasil, isso é crime.

Em Santa Catarina, a mãe do rapaz preso contou à polícia que ele começou a se interessar por nazismo com o avô. Além da mãe, ele mora com duas irmãs mais novas.

Nesta operação, a polícia prendeu três integrantes da célula em Joinville e um quarto membro em São José, na Grande Florianópolis. É preciso lembrar que já havia um primeiro preso, por tráfico de drogas. Ele tem 24 anos e é estudante de Engenharia. Mas quem são os outros quatro?

Há um auxiliar de escritório, de 27 anos e formado em Comércio Exterior. Na casa dele, encontraram uma espingarda calibre .32 ilegal e, também, munição. Tem um estudante de Engenharia Automotiva, também da UFSC, de 21 anos; e outro que cursa Letras, de 20 anos. O último, também de 20 anos, cursa Direito. Na sua casa, foi encontrada munição deflagrada, que ele disse à polícia ter achado na rua. Ele contou que a principal fixação com a SS era estética, “porque a SS é muito bonita”.

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Imprensa Apufsc