Linguagem neutra se adapta para ser compreendida por cegos, surdos e disléxicos

Uso de @ ou da letra X foi substituído por pronomes como “elu”, “delu”, “ile” e “dile”, aponta O Globo

Um dos argumentos mais usados por opositores da linguagem não binária é o de que trocar os pronomes masculinos e femininos por outros neutros causaria impacto à aprendizagem de crianças disléxicas, além de prejudicar a comunicação entre pessoas com deficiências auditivas ou visuais. No entanto, especialistas explicam que, conforme o debate sobre essa variação da linguagem avançou, foram elaboradas formas para reduzir potenciais prejuízos. Assim, o uso, por exemplo, de @ ou da letra X como marcadores de gênero, foi substituído por pronomes como “elu”, “delu”, “ile” e “dile”, além do final com a letra “e” nas palavras.

“Quando se colocam elementos gráficos disruptivos gráficos, como @, X, pode haver prejuízos. Mas o movimento trans já evoluiu. As pessoas que normalmente apontam problemas não são portadoras de deficiência, mas acabam minimizando a capacidade desse grupo de aprender algo novo. São variações que só requerem adaptação”, explica Brune Medeiros, travesti e pesquisadora nas interfaces de Língua, Linguagem e Gênero pela UFRJ. Medeiros conclui, “ninguém quer impor que as pessoas aprendam uma nova língua, apenas apresentar novas variantes”.

Na sexta-feira, dia 10, o Supremo tribunal Federal (STF) formou maioria para tornar inconstitucional a lei estadual de Rondônia, de 2021, que proibia o uso de linguagem neutra nas escolas. Na opinião dos ministros, a legislação extrapolava o poder dos estados em editar diretrizes gerais de ensino básico, o que é uma competência da União. A ação de inconstitucionalidade terá repercussão geral.

Leia na íntegra: O Globo