Dia das Mulheres: “A igualdade na universidade está um passo à frente, mas não reflete a sociedade”, avalia Corália Piacentini, ex-presidenta da Apufsc

Professora da Economia, Corália foi a segunda mulher a presidir o sindicato

Corália Piacentini foi presidente da Apufsc-Sindical entre 1999 e 2000. Professora aposentada da Economia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ela lembra dos momentos à frente da política sindical e também de sua atuação na instituição, que começou em 1978. “Já se passaram mais de 20 anos, então vamos rememorar o que era o sindicato duas décadas atrás. O momento era outro, o sindicato tinha uma atividade nacional muito forte”, recorda. Segundo ela, nas décadas de 1980 e 1990, “o movimento de professores era muito acentuado”. “Grandes lutas se deram no sindicato”, lembra.

Corália Piacentini (Foto: Arquivo Pessoal)

A professora também avalia questões relacionadas à gênero em sua gestão: “Apesar de estarmos num mundo muito machista, na minha diretoria isso não era um problema porque nós éramos em muitas mulheres, e os homens que tínhamos não eram machistas. Mas entre os professores, em geral, isso era muito acentuado. Tanto que só foram duas mulheres na Presidência do sindicato”.

A falta de representatividade é, para ela, um dos pontos que precisa ser debatido neste 8 de março. “Hoje é um dia de reflexão em que deveria ser pensado sobre essa participação da mulher. Se fala muito em empoderamento, mas a mulher ainda tem muito dificuldade em ascender”.

Ela avalia essa presença na UFSC, onde atuou no Departamento de Economia, foi coordenadora do curso de Economia, diretora do Departamento de Administração Escolar (DAE) e secretária da Comissão Permanente do Vestibular (Coperve). “Fui coordenadora de curso num momento em que coordenador não tinha gratificação. Essas funções eram dadas às mulheres, funções mais operacionais. Depois começou a ser um pouco diferente, os homens quiseram ser coordenadores, e aí já tinha gratificação. Não quero dizer que foi por isso que quiseram ser coordenadores”.

Ela pondera, também, que há aspectos positivos:

“Na universidade, a mulher que exerce a mesma função que o homem tem o mesmo salário, o que não é real na sociedade capitalista. Mas na questão política, isso ainda está muito aquém do que a gente precisa”. Avalia também que “embora a gente tenha salários iguais, as atividades continuam sendo diferenciadas.

Corália observa: “Já tivemos reitora, vice-reitora. Aqui a igualdade está um passo à frente, mas não reflete a sociedade. A universidade é uma comunidade à parte onde a participação da mulher é mais visível”.

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Stefani Ceolla
Imprensa Apufsc