Violência contra a mulher e o Tai Chi Chuan

*Por Teresa Sell

Com cada mulher morta pelo ódio, todas nós, mulheres, também morremos um pouco. Nesta terça-feira, dia 7, véspera do Dia Internacional da Mulher, a ministra das Mulheres afirmou que, a cada sete minutos, morre uma mulher no Brasil vítima de feminicídio. E anunciou que novas ações foram tomadas pelo Ministério visando proteger a mulher da violência.

Fico sempre aflita pensando como agir de alguma maneira contra tanta barbárie. Que emoções descontroladas levam a vitimarem mulheres por decidirem romper com relações tóxicas? Além das leis, de ações sociais, policiais, jurídicas, o que cada uma de nós poderia ou deve fazer para atuar contra a violência a que mulheres são submetidas por um tipo qualquer de ex?

É importante promover na educação das mulheres autoestima e segurança física. Noções de autodefesa pessoal deveriam constar desde cedo na educação das meninas. Situações de violência envolvem medo, submissão, incapacidade de reação. Por isso aprendizagem de seu próprio poder, técnicas de defesa pessoal, são de real importância.

Tai Chi Chuan é uma arte marcial chinesa, que trabalha o fortalecimento, o equilíbrio físico e mental, coordenação motora e autopercepção, promovendo a capacidade de autodefesa e saúde. Com segurança interna, emoções não se tornam perturbadoras, a pessoa tem capacidade de melhor escolha nas relações, algo muito importante na evitação de perigo, discernimento e alternativas diante dele. Uma mulher que pratica Tai Chi não é vulnerável.

Praticando esta arte marcial interna, não ficaremos reféns de situações abusivas. A prática nos ensina a não sermos incapazes ou fracas como desejam nos fazer crer. O perigo de violência é percebido espontaneamente, situações de agressividade são evitadas. Saberemos nos proteger. Não ficaremos
indefesas diante de agressões e estupros.

Não precisamos ser vítimas. Impotentes. Com nossos corpos temos condições de nos defendermos, ainda que mais frágeis fisicamente. A arte nos ensina a força interna e a resistência externa. Não podemos mais aceitar esta estatística absurda de violência e mortes de mulheres por se negarem a aceitar um homem impotente emocional e moralmente, que se impõe apenas pela força física. Aprendamos a impor o respeito que nos é devido, e poderemos escolher com mais clareza quem pode receber nosso amor, nosso carinho e atenção, fazer parte de nossas vidas, para caminharmos juntos.

Tai Chi deveria fazer parte de eventos de mulheres. Ensinado como prática física, ele contempla também a mente e o espírito. Nas regiões onde mulheres estão mais vulneráveis, deveria fazer parte de programas de governo e de saúde pública.

Vamos reconhecer nosso poder feminino. Vamos encurtar estas tristes estatísticas. Eliminá-las. Temos tanto amor pra dar, quem há de merecê-lo? Quem há de fazer parte desta jornada tão bela? Vida longa, com segurança e alegria, a todas as mulheres em nosso dia!

* Teresa Sell é professora do Grupo Wulin de Práticas Orientais e professora aposentada de Psicologia Social da UFSC