CCA da UFSC tem usado recursos de projetos para realizar manutenções, conta diretora

Com prédios da década de 1970, as construções apresentam problemas elétricos, de telhado, piso e goteiras

Com duas fazendas experimentais, um parque de abelhas e uma estação de maricultura, o Centro de Ciências Agrárias (CCA) é o maior em termos de área física da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Segundo a diretora do Centro, Rosete Pescador, os 750 hectares de extensão demandam um grande orçamento da instituição. Como o processo de solicitação de manutenção não é imediato e os recursos são limitados, muitos reparos são feitos com verbas dos projetos.

Apesar de não ter participado no ano passado do dossiê da Apufsc-Sindical sobre as condições de trabalho docente e funcionamento geral da universidade, o CCA, que fica no bairro Itacorubi, em Florianópolis, também enfrenta questões de infraestrutura. Com prédios da década de 1970, as construções apresentam problemas elétricos, de telhado, piso e goteiras, inerentes ao tempo, afirma Pescador.

Com o valor arrecado por meio da venda de excedentes das fazendas experimentais, o Centro consegue resolver algumas demandas. Mas além dos gastos de infraestrutura, o CCA também precisa manter os animais dos projetos. “Na Fazenda da Ressacada tem oito biotérios e hoje nós gastamos parte do dinheiro de projetos e todo o duodécimo para alimentação dos animais.”

A diretora afirma que as solicitações de reparo têm sido feitas de forma tímida para a UFSC, “porque é muita burocracia”. Ela ainda comenta que desde antes do retorno presencial, o Centro tenta resolver questões relacionadas ao Restaurante Universitário do CCA, e que só agora o projeto ficou pronto. “Tem coisas de quase dez anos que não foram resolvidas, mas a gente insiste e insiste.”

No dia 20 de março, a Administração Central e o prefeito da UFSC, Hélio Rodak, estiveram no Centro para uma reunião na qual a diretora pode mostrar as dificuldades enfrentadas. Para ela, “o diálogo é bom, mas efetivamente os problemas [do centro] são outra coisa.”

Outro lado

A equipe de Comunicação da Apufsc também ouviu a Administração Central da universidade sobre os problemas identificados. As respostas, enviadas nesta quarta-feira, dia 18, pela Coordenação de Imprensa do Gabinete da Reitoria.

Segundo a UFSC, o Departamento de Manutenção Predial e de Infraestrutura (DMPI) recebe em torno de 700 solicitações por mês, a maioria delas relacionadas a manutenções elétricas e hidráulicas. O atendimento segue a ordem de chegada, dando-se prioridade para as áreas de concentração de alunos, como salas de aula e laboratórios. Algumas demandas emergenciais – falta de água, falta de energia, entupimento em banheiros – são priorizadas, para que as atividades nestes ambientes não sofram paralisações, segundo a Administração Central.

A Reitoria defende que “é preciso levar em conta o orçamento da universidade, uma vez que os serviços de manutenção do DMPI e da Prefeitura Universitária (PU) são terceirizados”. Esses contratos, de acordo com a Administração Central, são bancados por verbas de custeio, que sofreram cortes sistemáticos nos últimos anos, além de estarem sujeitas a bloqueios e contingenciamentos. A dotação orçamentária para custeio da UFSC com recursos do Tesouro, que já foi de R$ 150,10 milhões em 2016, ficou em R$ 115,8 milhões no orçamento atual. “Isso num cenário de inflação e reajustes automáticos dos valores dos contratos, além da ampliação da estrutura física da universidade”, pontua a Administração Central. 

A Reitoria também explica que, em relação à manutenção predial e de equipamentos, está atuando em três frentes: negociações junto ao governo federal para recomposição do orçamento de custeio da universidade, visando garantir o financiamento dos contratos de manutenção; novas licitações para responder à demanda represada de manutenção e aumentar a cobertura de serviços, como no caso dos bebedouros e aparelhos de ar-condicionado; aumento no investimento em manutenção do estoque de infraestrutura da UFSC.

::: Leia a resposta da UFSC na íntegra

Karol Bernardi
Imprensa Apufsc