“Essa nova cultura de formação é totalmente empreendedora, meritocrática e individualista”, diz especialista sobre o Novo Ensino Médio

Proifes-Federal realiza em Brasília Seminário Nacional sobre o assunto

Na manhã desta quinta-feira, dia 11, o Grupo de Trabalho da Educação do Proifes-Federação debateu a revogação do Novo Ensino Médio e as diversas questões que o tema envolve, como o impacto dentro das universidades, durante a primeira mesa do Seminário Nacional. O evento acontece em Brasília e teve a participação da professora Mônica Ribeiro, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), de maneira remota, e da professora Miriam Fábio, da Universidade Federal de Goiás (UFG), de forma presencial.

Mônica apresentou aos participantes um contexto histórico do ensino médio brasileiro com suas finalidades, interesses e perspectiva curricular, e como se interligam com todas as políticas públicas de formação implantadas desde 1991, período em que começou sua expansão.

A professora enfatizou que as entidades defensoras da educação pública de qualidade deveriam insistir na revogação do Novo Ensino Médio que, para ela, apresenta uma série de problemas. Entre eles, estão o enfraquecimento do ensino médio como educação básica, itinerários formativos, “que só tem quinquilharias”, esfacelamento do modelo curricular, e redução de componentes curriculares para formação básica.

“Muito se tem usado o argumento de que a revogação do Novo Ensino Médio não pode acontecer porque não há o que se colocar no lugar. Essa é uma ideia errada, pois estamos diante de anos de investimentos em políticas públicas de formação que são capazes de desenvolver um ensino médio de qualidade, que atenda uma juventude marcada pela desigualdade social. Precisamos respeitar a nossa juventude e entender que eles são mais do que estatísticas e índices de aprovação”, opinou Mônica.

A professora Miriam Fábio abordou a preocupação que se deve ter com a formação básica dos alunos, e como isso reflete dentro das universidades. Segundo ela, a reforma curricular proposta gera insegurança para os jovens e acaba banalizando a importância cultural das escolas.

“É importante que se reforce que essa nova cultura de formação é uma cultura totalmente empreendedora, meritocrática e individualista. É necessário ainda que os trabalhadores da educação conheçam a realidade do nosso país e reforcem a importância da democratização das escolas, não para militarizar, mas para garantir a permanência dos alunos com aprendizagem de qualidade”, afirmou Miriam.

A professora falou ainda da importância de todas as entidades irem para a disputa, fortalecendo as medidas de apoio com os comitês estaduais e, principalmente, fortalecendo a luta pela revogação dentro do Congresso Nacional.

No final da manhã, os membros do GT debateram, juntamente com as professoras convidadas, diversas questões como os desafios dentro da comunicação, a mobilização no interior das universidades, o reestabelecimento do elo do ensino médio com o ensino superior e o protagonismo dos professores nas mudanças a serem apresentadas para democratizar o ensino médio.

O seminário se encerra nesta sexta-feira, dia 12. “Estamos aqui para debater assuntos pertinentes à federação e à sociedade em geral, reforçando argumentos pela necessidade de mudanças na formação de nossa juventude. Faremos isso com rigor de argumentos e com o intuito de sermos também propositivos”, afirmou o diretor de Políticas Educacionais do Proifes-Federação e coordenador do GT de Educação, Carlos Alberto Marques, ex-presidente da Apufsc-Sindical. Representantes da Diretoria do sindicato particiam do evento.

Fonte: Proifes-Federação