Cerca de 50% das pesquisadoras brasileiras afirmam ter sofrido assédio sexual durante a carreira

Os dados são do survey “Perfil do cientista brasileiro em início e meio de carreira” apresentado durante Reunião Magna da Academia Brasileira de Ciências

As pesquisadoras Raquel Minardi (UFMG), Ana Chies (UFRGS) e Jaqueline Mesquita (UnB), e o pesquisador Alessandro Freire (IDP), apresentaram resultados preliminares do survey “Perfil do cientista brasileiro em início e meio de carreira”, no dia 9 de maio, durante a Reunião Magna da Academia Brasileira de Ciências (ABC) 2023. O projeto, criado em 2020 por um grupo de trabalho composto por 74 membros afiliados ABC, busca trazer dados para embasar discussões sobre a carreira dos cientistas brasileiros.

O survey buscou ouvir cientistas que concluíram o doutorado entre 2006 e 2021 e foi divulgado pela internet, para programas de pós-graduação ao redor do Brasil e, com o auxílio do Ministério das Relações Exteriores (MRE), para as diásporas científicas brasileiras. A pesquisa abordou temas como financiamento; bolsas de produtividade; internacionalização; liderança científica; diversidade; divulgação científica e fuga de cérebros. O questionário esteve on-line entre 1º de julho e 15 de agosto de 2020, e recebeu 4.115 respostas válidas.

Por tratar de tópicos sensíveis, o survey foi respondido de forma anônima e não entrou em detalhes sobre áreas e pesquisas. As perguntas foram desenvolvidas com base em extensos debates entre os membros afiliados, em que compartilharam suas próprias experiências na carreira. O grupo contou com o auxílio de pesquisadores especializados no desenvolvimento de pesquisas de opinião e submeteu o projeto ao crivo do Conselho de Ética da UFRGS.

No dado mais preocupante, 47% das mulheres e 12% dos homens relataram já haver sofrido assédio sexual durante a carreira. Quanto ao assédio moral, 67% das mulheres e 49% dos homens dizem já ter experienciado.

Leia na íntegra: Jornal da Ciência