Seminário discute políticas contra assédio em universidades

Encontro propõe pacto nacional em defesa de políticas e estratégias contra o assédio nas universidades públicas no Brasil

Aconteceu nesta quarta-feira, dia 24, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o primeiro Seminário Nacional de Políticas contra o Assédio em Universidades Públicas no Brasil, promovido pelo Núcleo Ampare – Assédio Moral, Projeto de Acompanhamento e Reparação, ligado ao Departamento de Educação e Desenvolvimento Social (DEDS) da Pró-Reitoria de Extensão (Prorext/UFRGS).

O evento, que contou com o apoio de diferentes órgãos, projetos e iniciativas da UFRGS, se propôs a refletir sobre as políticas universitárias para a prevenção e o enfrentamento do assédio. Com a presença de representantes de várias universidades brasileiras e de autoridades de órgãos públicos, o seminário também visou conhecer os processos de elaboração das normas referentes ao assédio e das iniciativas de combate às violências correlatas, tais como de gênero e étnico-raciais, em outras instituições.

Na abertura do seminário, a coordenadora do Núcleo Ampare, professora Jeniffer Cuty, resgatou os acontecimentos que antecederam a realização do evento na UFRGS. Ela lembrou que, em 2021, a Escola de Desenvolvimento de Servidores da UFRGS (Edufrgs) ofereceu uma capacitação, no formato de grupo de estudos, sobre “Assédio e relações de poder em instituições públicas”, que contou com a participação de mais de 50 servidores, entre técnicos e docentes. Os produtos dessa capacitação foram a criação do Núcleo Ampare, a elaboração da Minuta de Resolução de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio, encaminhada ao Conselho Universitário (Consun) e aprovada em 25 de novembro de 2022 (Resolução 275), denominada “Política contra o assédio no âmbito da UFRGS”.

Seminário ocorreu na Federal do RS (|Foto: Gustavo Diehl/Secom/UFRGS)

A coordenadora destacou que a realização do seminário é resultado de um trabalho coletivo de diversas instâncias da UFRGS e que busca pactuar uma atuação conjunta de enfrentamento do assédio com todas as universidades públicas brasileiras.

A vice-diretora da Faculdade de Direito Ana Paula Motta Costa, que foi a relatora da “Política contra o assédio no âmbito da UFRGS” da Comissão de Legislação e Regimentos do Consun, também resgatou o percurso das discussões sobre o tema no Conselho e afirmou que a Universidade precisa ajustar ou criar novas normativas relacionadas à questão do assédio. “Ainda temos muito que caminhar, com o claro propósito de que determinados comportamentos culturais mudem e que se tenha um ambiente de convivência mais saudável”, acrescentou. Representando o reitor da UFRGS no evento, a pró-reitora de Extensão da UFRGS Adelina Mezzari saudou a iniciativa do Núcleo Ampare na promoção do seminário para tratar “um tema tão sensível e efervescente, reunindo pessoas com o olhar muito atento para o problema”. A pró-reitora frisou também a importância de ações preventivas em todos os espaços de convívio.

Representando todas as universidades parceiras, o professor Roberto Heloani, da Unicamp, foi saudado pelos organizadores do seminário por sua trajetória de pesquisas e de enfrentamento do assédio nas organizações. Ao agradecer a homenagem, o docente disse que gostaria de dividi-la com sua colega já falecida, com quem trabalhou por 25 anos em pesquisas e estudos sobre o tema, Margarida Barreto, pioneira em denunciar a gravidade do assédio moral nos ambientes de trabalho no Brasil. Heloani lembrou que o assédio nesses ambientes não deve ser tratado como algo individual, mas sim como um problema da organização, que não pode se eximir da sua responsabilidade. Ele acrescentou que o combate ao assédio é algo coletivo e político e que é preciso interferir nas instituições para que elas se tornem mais humanas.

Pacto nacional

O Seminário prosseguiu até o fim da tarde no Centro Cultural da UFRGS com a apresentação de experiências da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). A programação incluiu debates em mesas temáticas, e, ao final do encontro, foi firmado o pacto nacional em defesa de políticas e estratégias contra o assédio nas universidades públicas no Brasil.

Leia na íntegra: UFRGS