Códices, os livros dos povos originários latino-americanos, são apresentados no Livro na Praça

Waldomiro Lourenço da Silva Júnior, professor do Departamento de História da UFSC, apresentou obra do antropólogo e historiador Miguel León-Portilla

A literatura latino-americana é anterior à chegada dos europeus às Américas, mostrou o encontro do projeto Livro na Praça, da Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC), da última sexta-feira, dia 23. O professor do Departamento de História da UFSC, Waldomiro Lourenço da Silva Júnior, apresentou a obra de Miguel León-Portilla, antropólogo e historiador mexicano referência em cultura e literatura pré-colombiana.

Antes de explicar sobre a obra “Códices: os antigos livros do Novo Mundo“, o professor Waldomiro chamou atenção para o grande pesquisador que foi Miguel León-Portilla. “Ele identifica particulares desses povos [originários da América Latina], percebe e destaca as diferenças, mas também percebe que existiram trocas entre eles”, contou o historiador.

Para Waldomiro, Miguel León-Portilla se destaca por ser interdisciplinar, por compreender determinado tempo histórico e por trazer algo que ficou conhecido como “história dos vencidos”, e que se tornou um movimento intelectual para resgatar a perspectiva dos povos indígenas, principalmente sobre a conquista espanhola.

Sobre o livro da noite, Waldomiro começou explicando sobre o significado do termo “códice”. Palavra, vazia no latim de significado, começou a ser mais usada a partir do século XIX, e se refere a uma espécie de livro da antiguidade feito em materiais como pele de animais e casca de árvores. Esses códices estavam presentes na cultura dos povos pré-colombianos e tratavam de temas variados, como religião, genealogia, nascimento da terra e dos povos, cosmologia e calendários.

A obra de Miguel León-Portilla resgata a história desses códices, retratados, principalmente, em pinturas da época e na oralidade, já que maioria dos códices queimados pelos espanhóis — acontecimento que também foi registrado em pinturas. “O livro em si é uma aula de metodologia da história. Interessa a todo mundo que se interessa por história”, afirmou o professor Waldomiro.

Livro na Praça acontece às sextas-feiras, a partir das 18h, na Igrejinha da UFSC (Fotos: Lais Godinho/Apufsc)

Essa edição foi a penúltima do semestre, que encerra na próxima semana com Paulo Capela e Edgard Matiello falando sobre esporte e lazer na cultura dos trabalhadores. Nos 12 eventos realizados em 2022, cerca de 500 livros foram vendidos. Ainda não há estimativa sobre o primeiro semestre de 2023. “Fazer o livro circular ajuda as pessoas a pensar história, arte, educação. Estamos acreditando no livro”, disse o professor Waldir Rampinelli, diretor da EdUFSC.

A noite também teve apresentação musical do professor Alex Degan, diretor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) da UFSC, na voz e violão.

Lais Godinho
Imprensa Apufsc