Professor da UFSC publica verbete sobre literatura fantástica brasileira em livro do Itamaraty

Texto “Literatura fantástica brasileira”, de Daniel Serravalle de Sá, foi publicado no Glossário da Literatura Brasileira para Leitores Estrangeiros

O professor de literatura da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Daniel Serravalle de Sá (DLLE) publicou um verbete sobre literatura fantástica brasileira no livro Glossário da Literatura Brasileira para Leitores Estrangeiros (2023), cuja proposta é ser uma fonte acessível e confiável para consultas, pesquisas e situações de ensino-aprendizagem.

Abordando autores, personagens e temas fundamentais da cultura brasileira, o Glossário apresenta 40 verbetes, cada qual refletindo diferentes aspectos de nosso sistema literário, tornando-se uma ferramenta pedagógica para auxiliar no ensino de língua portuguesa e de literatura brasileira no exterior.

Ilustração de Rodrigo Rosa para o verbete

Em seu texto intitulado “Literatura fantástica brasileira”, o professor Daniel Serravalle de Sá argumenta que a literatura brasileira recebe da cultura popular uma tradição riquíssima de contos folclóricos, lendas misteriosas, superstições religiosas e cancioneiros místicos. Tais manifestações são um produto singular das diferentes culturas que formaram a nação, “um campo de trocas entre a mitologia indígena, a matriz africana e a cultura europeia, constituindo um imaginário coletivo que foi propagado entre os brasileiros na forma de ‘causos’ sertanejos e caboclos, contados à noite nas varandas e nos terreiros, à luz do lampião ou da Lua”, diz o professor.

Todavia, ele argumenta, que “apesar dessa herança folclórica tão fecunda, na qual elementos fantásticos desempenham um papel central, a historiografia nacional tende a favorecer obras literárias que privilegiam as descrições das realidades da vida em detrimento dos voos da imaginação.” E explica que, em parte, isso se deve ao fato de o Brasil ter sido colônia, de modo que, “os textos que são considerados exemplares da cultura brasileira consistem em obras que, na maior parte das vezes, tendem a enfatizar questões político-sociais e/ou promover uma vida cultural mais pujante. Por conseguinte, criaram-se pré-julgamentos sobre as narrativas fantásticas, as quais ficaram associadas às manifestações populares, arcaicas e rurais.”

A historiografia literária relegou o fantástico à condição de subliteratura, explica o professor, influenciando a forma como era estudada e até mesmo produzida, de forma que se tornou quase um lugar-comum afirmar que as narrativas fantásticas são raras no Brasil. Não obstante, ele conclui “não é que a literatura brasileira seja pouco dada às abstrações, trata-se de uma questão de perspectiva crítica, ou seja, de como o cânone nacional foi organizado”. O verbete apresenta diversos exemplos de como o fantástico sempre fez parte da literatura nacional.

A publicação é uma iniciativa da rede de ensino do Ministério das Relações Exterior (MRE), popularmente chamado de Itamaraty, e da Fundação Alexandre de Gusmão (Funag). Organizado pelos professores da Universidade de Brasília (UnB), Alexandre Pilati e Bárbara Pessoa, o Glossário da Literatura Brasileira para Leitores Estrangeiros visa promover a cultura brasileira e o ensino da língua portuguesa no exterior. Cada texto vem acompanhado de ilustrações de Rodrigo Rosa.

O livro pode ser baixado gratuitamente.

Fonte: Notícias UFSC