Pior do que está não fica: o democrata de ocasião na UFSC

*Por Julian Borba

O momento da UFSC é digno de um roteiro de um filme de comédia ou terror, a depender da perspectiva do expectador. Enquanto os problemas de gestão se avolumam, sendo o repentino fechamento do RU o exemplo mais recente, o reitor e sua equipe parecem mais preocupados com os likes das redes sociais.

Imagino que o cálculo feito pela equipe de gestão é o seguinte: na era da pós verdade vale mais ficar circulando nos gabinetes de Brasília do que fazer o trabalho árduo do dia a dia. Afinal, fatos contam menos que likes. Não dá para negar que têm sido muito bem-sucedidos nessa estratégia, sendo a última greve bastante exemplar: conseguiram convencer parcela importante da comunidade universitária que a situação caótica vivenciada pela UFSC não é produto da inoperância dos gestores, mas tão somente um problema orçamentário! E lá foi a turma do afeto gritar “recomposição orçamentária já!”.

Essa junção (aliança?) entre a turma dos likes e turma dos afetos produziu o democrata de ocasião! Aquele que usa e abusa de termos como fascismo, império e burguesia, estando sempre pronto a defender a democracia que lhe convém e atacar a que não lhe interessa. Assim, na visão desse “democrata” tivemos um comando de greve democrático (mas que não respeita a decisão da maioria), da mesma forma que temos uma Venezuela democrática (e anti-imperialista, o que é melhor)! Afinal, democracia boa é aquele que eu sempre ganho!

O democrata de ocasião na UFSC é aquele que se auto identifica como alguém de esquerda, sempre disposto a participar das lutas pela emancipação dos povos e defender alguma causa identitária, em geral levando seu violão a tiracolo. Afinal, sempre vai ter alguém pedindo um “Toca Raul”! Mas na sua busca por likes, nosso democrata de ocasião quer aparecer, não importa ao lado de quem, mesmo que seja ao lado daqueles que ontem mesmo estavam tramando ou apoiando a tentativa do golpe de 08 de janeiro.

Tem que ter muito afeto para aceitar Tiririca e Zé Trovão!

*Julian Borba é professor do Departamento de Sociologia e Ciência Política da UFSC