Proifes publica nota em defesa da ministra Marina Silva e contra a misoginia

Os eventos ocorridos durante reunião da Comissão de Infraestrutura do Senado expressam a radicalização autoritária e de forte viés preconceituoso

O Proifes-Federação publicou nota oficial nesta quarta-feira, dia 28, em que defende a ministra Marina Silva e repudia a atitude de senadores. Confira na íntegra:

A democracia brasileira tem tido uma trajetória conturbada desde que a Constituição de 1988 foi aprovada pelo parlamento. Um dos principais cânones dessa Constituição é o reconhecimento da democracia como valor universal, e isso pressupõe o reconhecimento da complexidade das relações dos diversos segmentos sociais com as esferas do poder republicano: Executivo, Legislativo e Judiciário.

Dentro dessa perspectiva, o diálogo entre essas representações do poder estatal pressupõe o pleno funcionamento dos seus órgãos internos e, no caso do Legislativo, a Câmara de Deputados e o Senado. As duas câmaras de representação parlamentar, formadas a partir do voto popular, proporcional ou uninominal, espelham as contradições da sociedade e de como essa vem se formatando e reformatando ao longo dos trinta e sete anos de democracia.

E dentro desse espaço político, é fundamental que haja o respeito às divergências, afinal a formatação do parlamento expressa a pluralidade democrática. Mas é claro que o parlamento brasileiro tem sido afetado pelas turbulências políticas que estão presentes desde 2013 e que possibilitaram, desde então, a ascensão de muitos setores radicalizados e de pouca capacidade política de dialogar.

E, nesse contexto, os eventos ocorridos durante uma reunião da Comissão de Infraestrutura do Senado, que envolveram a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, expressam essa radicalização autoritária e de forte viés preconceituoso. Dois senadores, Plínio Valério (PSDB-AM) e o próprio presidente da Comissão, Marcos Rogério (PL-RO), tiveram um comportamento acintoso e claramente misógino, que desqualificou o debate sobre uma temática tão importante: a criação de unidades de conservação marinha na região da Margem Equatorial, no Norte do país.

O Proifes-Federação tem defendido de forma contundente que devemos, a todo momento, combater todo e qualquer ato violento que busca desqualificar o papel da mulher nas instâncias dirigentes, reproduzindo o patriarcalismo que ainda prevalece na sociedade brasileira e repudia, dentro de um espaço político como o Senado, que tais comportamentos continuem a macular essa esfera de poder.

Fonte: Proifes