Bolsonaro privilegia policiais e deixa 95% dos servidores sem reajuste em 2022, entre eles professores universitários

Confira levantamento do Dieese-SC sobre perdas salariais de docentes do magistério superior

 Após o Congresso aprovar o Orçamento de 2022 com a previsão de reajuste salarial apenas a policiais, servidores de outras categorias começam a se articular para pressionar o governo por aumento salarial. De acordo com o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita (Sindifisco), pelo menos 500 profissionais da categoria já entregaram seus cargos comissionados.

A expectativa é de que haja “efeito dominó” de entrega de cargos de servidores, de acordo com o secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva.

No Orçamento do ano que vem, foi incluída uma previsão de R$ 2 bilhões para reajuste salarial a policiais federais. Desse total, o impacto nas despesas primárias do governo é de R$ 1,7 bilhão. A reestruturação das carreiras da segurança pública com aumento de remuneração foi uma demanda de Bolsonaro. Serão contemplados servidores da Polícia Federal (PF), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

“É lamentável que o Congresso Nacional tenha se submetido a essa chantagem do presidente da República e do ministro da Economia, Paulo Guedes. E, além disso, rifar praticamente mais de 95% do conjunto do funcionalismo. É um absurdo”, disse Silva ao Estadão.  

Juntas, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal têm 45,3 mil servidores ativos e inativos, segundo dados do Painel Estatístico de Pessoal do Ministério da Economia. Enquanto cerca de 1 milhão de servidores ativos, aposentados e pensionistas estão com a remuneração congelada há cinco anos. A última parcela de aumento para esse grupo foi concedida em 1º de janeiro de 2017.

Entre o início de 2017 e novembro de 2021, a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) já subiu 27,22%. Enquanto isso, as categorias não tiveram nenhum tipo de reposição.

Perdas para professores e professoras de universidades públicas federais

Na UFSC, os professores Nestor Roqueiro e Nelson Casarotto Filho iniciaram uma série de estudos sobre os salários dos docentes das universidades federais. No primeiro texto, publicado no site da Apufsc, eles observam “nitidamente um aumento do poder aquisitivo até os anos de 2014 e de 2015”. “Desses anos até agora, houve um considerável decréscimo de poder aquisitivo do salário. O salário previsto para janeiro de 2022 (sendo mantido igual ao atual) será aproximadamente 80% do valor corrigido daqueles de 2014 e 2015. Ou seja, estamos tendo perdas de valor aquisitivo por inflação ao longo de 6 anos. Chegaremos a janeiro de 2022 perdendo aproximadamente 1/5 do que ganhávamos em 2014 e em 2015”, concluem os professores.

A partir dos estudos dos professores Roqueiro e Casarotto, o Dieese-SC acabou de concluir um levantamento que detalha as perdas salariais dos professores do magistério superior por classe (titular, associado, adjunto, assistente) entre março de 2015 e janeiro de 2022. Clique aqui para ver em detalhes

Imprensa Apufsc