Direitos humanos são considerados pauta urgente no XXI Encontro Nacional do Proifes-Federação

O eixo foi conduzido pela presidenta do Sindiedutec, Rosangela Gonçalves de Oliveira

A defesa de uma formação permanente aos trabalhadores da educação para a promoção de uma cultura de paz antiLGBTfóbica, antimachista, antirracista e anticapacitista foi destaque no debate da manhã deste sábado, dia 2, durante a mesa do eixo 3 do XXI Encontro Nacional do Proifes-Federação, realizado em Florianópolis. Participantes incentivaram ações para a promoção da diversidade de gênero nas Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes).

Mesa do eixo sobre direitos humanos no XXI Encontro Nacional do Proifes-Federação (Fotos: Proifes)

O eixo foi conduzido pela presidenta do Sindiedutec, Rosangela Gonçalves de Oliveira, que é coordenadora do GT Direitos Humanos, Raça/Etnicidade, Gênero e Sexualidades do Proifes. A mesa contou, ainda, com o vice-presidente do Sindiedutec, Guilherme Sachs, a professora aposentada da UFRN e diretora da Adurn, Vilma Victor Cruz, e o professor da Ufrgs, Sondre Schneck, representante da Adufrgs-Sindical.

“Vivemos em um momento em que a palavra tem peso para a sociedade e isso é muito antigo. Estamos problematizando a troca de direitos por costumes. Os ataques neopentecostais aos costumes promovem uma guerra de direitos e isso despotencializa o direito das pessoas serem o que desejam”, afirmou Rosangela.

Para a sindicalista, a questão dos direitos humanos vai além das discussões de gênero e sexualidade. “Direitos humanos são direito à moradia, à terra, aos direitos sociais. No entanto, dentro das instituições esses direitos são travestidos de costumes”, advertiu.

Rosangela também alertou para as eleições do próximo ano, diante do crescimento do movimento neopentecostal e sua influência na sociedade brasileira. “No texto do eixo 3, manifestamos nossa preocupação com o enfrentamento a essa disputa política, que será acirrada nas próximas eleições. Precisamos ficar atentos, porque o espaço público não pode estar associado à moral pregada pelo movimento neopentecostal”, ressaltou.

O eixo também orientou para a construção de políticas voltadas às pessoas que sofrem diferentes violências nas Ifes.

“Construímos ações mais potentes para esse enfrentamento dentro das instituições. Temos que observar que a escola tem sua diversidade e fazer essa discussão com a CUT e o movimento sindical docente é fundamental para avançarmos”, destacou a professora Rosangela.

Identificada como uma mulher negra e indígena, a professora da UFRN, Vilma Victor Cruz, fez uma crítica à ausência de mulheres negras e indígenas nas mesas de discussão dos eixos do Encontro Nacional.

O professor da UFRGS, Sondré Schneck, um homem trans, defendeu que “é preciso pensar numa masculinidade trans que respeite o movimento feminista e que acolha todas as pessoas”.

De acordo com o vice-presidente do Sindiedutec, Guilherme Sachs, a luta dos trabalhadores é diversa. “O novo sindicalismo precisa abraçar as relações de trabalho que não são iguais entre as pessoas, os marcadores influenciam no seu local de trabalho”, afirmou. “O Proifes deve abraçar o movimento LGBTQIAPN+. Queremos um encontro nacional que seja organizado pela Federação. O sindicalismo atual é diferente da década de 60, 70, o sindicalismo atual é o sindicalismo humano”, reforçou.

A coordenadora do GT Direitos Humanos comentou, ainda, sobre a experiência da Federação no Encontro Internacional em Defesa da Educação Pública, realizado em julho deste ano, em Guiné Bissau. “Queremos realizar um curso de feminismo para as mulheres Guiné Bissau, a fim de promover uma articulação internacional de ajuda e colaboração aos sindicatos africanos de língua portuguesa”, observou.

A diretora de Relações Internacionais do Proifes, Regina Witt, frisou que todas as declarações de direitos humanos têm sido afetadas. “Para mantermos a ordem mundial e defender os direitos temos que fazer uma campanha pelo trabalho decente, inclusive, para prevenir o adoecimento mental”, alertou. Eduardo Silva, professor do IFRS Porto Alegre, criticou os ataques às lutas de grupos oprimidos.

Homenagem a Cancellier

Durante o eixo de direitos humanos, a delegação da Apufsc-Sindical propôs uma moção em memória do ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier de Olivo. O texto foi lido pelo presidente da Apufsc, Bebeto Marques. Confira a moção aqui.

Livro sobre direitos humanos

Ao final da mesa, foi lançado o livro digital dos Direitos Humanos do Proifes-Federação:

Fonte: Proifes