O que desestimula os jovens a seguir a carreira de professor

Uma projeção divulgada em 2022 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira indica que o país pode ter deficit de 235 mil docentes em 2040

“Eu gosto de ensinar”, diz Floriana, 5, com um caderno na mão, fingindo escrever. Ela se inspira na professora, por quem tem grande admiração. Mas a imitação tem deixado de favorecer o sonho de ser professor, que aparece cada vez com menos frequência entre as crianças.

“Vender picolé”, ser “mulher maravilha”, “trabalhar na academia” ou ser “engenheiro, porque usa escavadeira e caminhão basculante” são os sonhos de crianças de três anos do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Cecília Meireles, em Vitória (ES). Um pouco mais velhas, crianças de cinco e seis anos da Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Gabriel Prestes, em São Paulo (SP), listam profissões como “doutora de animais”, cabeleireira, policial, bombeiro, cantor, médica e dentista. Isso não reflete necessariamente o que farão no futuro, mas são percepções a partir do que observam e se interessam no cotidiano.

Edna Conceição Monteiro, professora na EMEI Gabriel Prestes, acredita que o desencantamento com a profissão reflete a desmotivação dos professores. Ou seja, como inspirar se muitas vezes falta alegria em sala de aula. Mas não dá para culpá-los, diz. “Além da questão salarial e de doenças que afetam a saúde mental, o professor deixou de ter status.”

Já para Priscilla Santos, da CMEI Cecília Meireles, essa falta de reconhecimento impacta a opinião das famílias, que deixam de ver o professor com um papel importante e poucos desejam isso para seus filhos. “Sabendo das condições de trabalho que os professores enfrentam, acabam os influenciando a escolher outras carreiras.”

Uma projeção divulgada em 2022 pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) indica que o país pode ter um déficit de 235 mil docentes em 2040. Pensando nisso, o governo federal criou o programa “Mais professores”, que busca incentivar a carreira docente, evitando esse “apagão”.

Leia na íntegra: Nexo