Um terço dos cursos tecnológicos é ruim, mostra exame

Um terço dos cursos tecnológicos, um dos tipos de ensino que mais crescem no País, obteve índices insatisfatórios na última avaliação realizada pelo Ministério da Educação (MEC), divulgada na semana passada.

Entre os 250 cursos que conquistaram índice no Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes), 85 – ou 34% deles – tiveram Conceito Preliminar de Curso (CPC) nas faixas 1 e 2. A escala vai até 5. O CPC leva em conta, além do desempenho no Exame Nacional de Desempenho (Enade), dados como infraestrutura e corpo docente.

Foram avaliados nessa edição cursos tecnológicos de Agroindústria, Agronegócios, Gestão Hospitalar, Gestão Ambiental e Radiologia, além de 14 bacharelados e licenciaturas.

O curso tecnológico com o maior conceito CPC foi o de Radiologia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), com 4,09. Já o com o pior foi o de Gestão Hospitalar do Instituto Pernambucano de Ensino Superior, com 0,67.

Entre os melhores cursos do País está o de Tecnologia em Agronegócios da Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Mococa. Para Ângelo Cortelazzo, coordenador de ensino superior do Centro Paula Souza, um dos elementos essenciais para o sucesso do curso é vincular a grade curricular às discussões com o setor. “Assim ficamos em sintonia com as necessidades do mercado”, destaca ele.

Tendência. O último Censo da Educação Superior confirma a expansão de matrículas em cursos tecnológicos nos últimos dez anos. Em 2001, foram registradas 69.797 matrículasd+ em 2010, 781.609.

Especialistas não concordam com o fato de um mesmo sistema avaliar cursos tecnológicos e graduações tradicionais.

“Por exemplo: o CPC leva em conta a quantidade de docentes com doutorados nos cursos. Mas, para cursos de curta duração, voltados para o mercado e em instituições que não têm tradição de pesquisa, isso não faz sentido”, afirma o diretor executivo do Sindicato das Entidades de Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São Paulo (Semesp), Rodrigo Capelato.

O consultor Carlos Monteiro ressalta que a avaliação dos tecnológicos deveria abordar a qualificação acadêmica e também a experiência profissional. “Além disso, ainda temos no Brasil uma mania errada de taxá-los como produtos de segunda classe.”