Grevistas protestam nas entradas do Ministério do Planejamento

O Ministério do Planejamento amanheceu nesta quinta-feira cercado por grevistas do setor de educação básica, técnica e tecnológica, que estão bloqueando as entradas do prédio.

Manifestantes querem algum sinal de negociação por parte da ministra Miriam Belchior ou assessores. Davi Lobão, do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica, disse haver cerca de 1,5 mil pessoas no local, que dormiram acampadas ali.

Lobão disse que os grevistas não estão “ocupando” o ministério, mas realizando “piquetes” nas entradas, inclusive na garagem por onde chega o carro da ministra. A ação, segundo o sindicalista, é uma revanche pela falta de acordo com o governo. As conversas de ontem com o secretário de Relações de Trabalho do Planejamento, Sergio Mendonça, não apresentaram resultados concretos, diz Lobão.

Assim como as diversas categorias de servidores públicos federais em greve, professores e técnicos do ensino básico, técnico e tecnológico querem reajuste salarial de 22,08%, relativo à variação da inflação medida pelo IPCA mais o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) dos últimos dois anos.

A Secretaria de Relações do Trabalho (SRT) do Ministério do Planejamento, responsável por negociações salariais com os servidores públicos, disse que está funcionando normalmente, e que não deve mudar a agenda por causa dos piquetes na entrada do prédio por grevistas.

“Manifestações como essa acontecem há dois meses. O dia vai seguir como planejado”, explicou a assessoria de imprensa do órgão. A SRT tem com sete encontros com sindicalistas agendados para hoje.

Proposta do governo

Ontem, em resposta ao movimento grevista das universidades e escolas técnicas federais, que desqualificou a proposta de reajuste salarial do governo com o argumento de que parte dos aumentos não cobre a inflação acumulada até 2015, o Ministério do Planejamento apresentou detalhes que garantem ganho real para os 105 mil professores da ativa e aposentados.

Para verificar ganho real, foi considerado o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado e projetado no período. O governo usou a marca de 4,7% para a inflação deste ano e o centro da meta, de 4,5%, para os três anos seguintes.

De acordo com os dados, 52 mil professores doutores com dedicação exclusiva, da ativa e aposentados – a maior classe da categoria -, terão acumulado aumento real de 56,82% em 2015. Na outra ponta, os 2,5 mil docentes com carga de 40 horas semanais e título de mestrado terão atingido reajuste real de apenas 0,55%.

Em entrevista ao Valor, ontem, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, reiterou que a ideia do governo é valorizar os professores com maior titulação. Contraditoriamente, os 2,2 mil docentes com carga horária semanal de 20 horas e mestrado alcançarão o maior ganho real, de 77%, considerando o período entre janeiro de 2003 e dezembro de 2015.