Declarações de Vélez sobre ditadura irritam militares, que pedem sua saída

Apesar de concordar com opiniões do ministro, ala do governo acha desgaste inútil

As recentes declarações do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, negando o golpe de 64 e a ditadura militar podem ser a gota d”água para sua saída. Apesar de concordarem com a posição do ministro de que o que houve em 31 de março de 1964 não foi um golpe, e sim “uma decisão soberana da sociedade”, a ala militar do governo Bolsonaro julga o desgate que essas delcarações causam como inútil, segundo apuração da Folha.

Para os militares, a polêmica se trata apenas de uma tentativa de Vélez de se manter no cargo, e “eles farão chegar ao presidente que a paciência com o ministro acabou”, destaca a Folha. A decisão vem na sequência de desgastes do governo por sua defesa à ditadura militar, tanto na forma do pedido de Bolsonaro de “comemorações devidas” quanto na divulgação de um vídeo pelo Planalto exaltando a atuação dos militares no regime que matou, torturou e perseguiu milhares de brasileiros.

A cúpula fardada também é favorável ao revisionismo proposta por Vélez nos livros de história, mas acredita que uma declaração dessas na mesma semana de 31 de março é uma polêmica desnecessária.

A disputa no MEC, que dura há mais de um mês, entre os discípulos do escritor Olavo de Carvalho e os militares, também pesa na decisão dos que pedem sua demissão. O ideólogo de direita, chamado de guru intelectual de Bolsonaro, se envolveu em várias brigas pelo Twitter com membros da ala militar do governo, inclusive o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria do Governo. Carvalho também critica com frequência o vice-presidente Hamilton Mourão, a quem chamou de golpista.

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V.L./L.L.