Governo extingue programa de bolsas da Capes

Pesquisadores criticam a falta de diálogo do governo para análise de alternativas à extinção do Programa de Demandas Espontâneas e Induzidas (PDES) da Capes

A revogação do Programa de Demandas Espontâneas e Induzidas (PDES) da Capes foi publicada, no último dia 20, no Diário Oficial da União. Criado há três anos e reformulado em novembro do ano passado, o PDES apoiava projetos estratégicos em educação, ciência e tecnologia, sem a necessidade de editais ou chamadas públicas. O objetivo do programa era fomentar pesquisas no tanto Brasil quanto no exterior. A portaria 251/2018, recém revogada, tratava da reformulação do projeto

 

Em entrevista ao programa UFMG Educativa, pesquisadores  criticaram a falta de diálogo do governo para análise de outras alternativas que não fossem a extinção do programa, ouça aqui. Segundo a Capes, as 63 propostas em andamento não serão afetadas, assim como os projetos entregues para análise anteriormente à data da revogação.

 

O coordenador de assuntos estudantis do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e pesquisador social da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros, Régis Elíseo, afirma que este era um dos principais projetos da Capes e que a medida representa um retrocesso para a pesquisa brasileira.  “Acaba com muitos projetos em andamento e com a atuação internacional de pesquisadores brasileiros”, destaca.

 

A pesquisadora do Instituto Universitário de Lisboa, Carla Medonça, que já participou do PDAS, avalia que, com a extinção do programa “se perde para o futuro e se perde o que foi investido no passado”. Ela acrescenta que muitos pesquisadores desistem de suas carreiras pela falta de recursos para a ciência. Ao invés de suspender programas como este, conclui, o governo deveria melhorá-los.

 

Segundo a Capes, a decisão se deu porque as propostas recebidas poderiam ser atendidas por outros programas e editais. Além disso, a fundação alegou que as solicitações eram apresentadas em duplicidade – no PDES e em outros programas – o que gerava retrabalho. Para Rogério Elíseo, a justificativa da Capes é frágil porque “é praticamente impossível para um pesquisador ser contemplado com mais de um projeto”.