SBPC luta na Alesc por mais verba na pesquisa

Secretário regional em Santa Catarina, André Ramos, questiona reforma administrativa do governador, que será votada em regime de urgência até 23 maio 

O secretário regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência em Santa Catarina (SBPC-SC), André Ramos, compareceu nesta terca-feira, 9, a uma audiência na Assembleia Legislativa (Alesc) para alertar sobre o efeito que a reforma administrativa enviada à Casa pelo governador, Carlos Moisés (PSL) terá sobre o orçamento da pesquisa no estado.

Segundo Ramos, a reforma enfraquece ainda mais a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) ao abrir brechas para que recursos destinados à pesquisa sejam utilizados por qualquer órgão público que promova “ações que envolvam ciência e tecnologia”. Na prática, a linguagem vaga do projeto de lei complementar abre caminho para que os recursos sejam utilizados em qualquer atividade.

Em entrevista ao Jornal da Ciência, Ramos disse que o projeto “dará uma liberdade enorme para o governo fazer o que quiser, qualquer órgão poderá requisitar as verbas e não precisa nem dizer que é para pesquisa, basta envolver o uso de tecnologia, por exemplo”.

Na audiência na Comissão de Economia, Ciência, Tecnologia e Minas e Energia da Alesc, Ramos, que é professor de biologia na UFSC, disse que estuda propor emendas para evitar o desmonte da pesquisa no estado, e pediu que os deputados garantissem a manutenção de recursos da Fapesc. Também pediu que fosse enviada uma emenda para evitar o fechamento do Conselho Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Conciti), um dos órgãos que o projeto do governador pretende extinguir. A reforma deve ser votada até 23 de maio.

Sobre a questão, o presidente da comissão, deputado Jair Miotto (PSC), disse:  “Santa Catarina tem vocação para estar na vanguarda nesses investimentos, e acredito que o poder executivo tem sinalizado que pretende investir em ciência e tecnologia, então vamos fazer esforço para que se concretize”.

Uma bandeira da SBPC SC, Ramos levantou na comissão o assunto do desrespeito com a Constituição Estadual de 89, que prevê um investimento de 2% das receitas correntes do governo para a pesquisa. Esse valor nunca foi respeitado, e hoje o orçamento da Fapesc gira em torno de R$35 milhões, uma queda de 36% desde 2014.

Em artigo publicado no site da Apufsc em 29 de março sobre o tema, o professor já alertava para o desmonte da pesquisa em Santa Catarina, e para os repetidos descumprimentos da lei por vários governos ao longo dos anos.

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V.L./L.L