Governo reduz pela metade orçamento para ciência

Corte marca o início da gestão de Marcos Pontes, destaca Folhad+ o ministro pede apoio dos deputados para melhorar os investimentos em ciência no orçamento para o ano que vem

Durante a campanha eleitoral, Jair Bolsonaro prometeu reverter os cortes nos investimentos em ciência que vêm ocorrendo  desde 2015. A promessa era direcionar 3% do PIB para o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações até o final do mandato.

Em carta à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e à Academia Brasileira de Ciências (ABC), o então candidato Bolsonaro defendia o aumento de verba para o ministério. “Nós passamos por um momento muito difícil de crise no país, como todos sabem. Cada centavo de gasto tem de ser muito bem pensado e justificado. Mas CTEI no nosso ponto de vista, não é gasto, é investimento”, afirmava Bolsonaro. Depois de eleito, porém, o presidente cortou 42% do orçamento para o  ministério, com  a justificativa de que os contingenciamentos vão reduzir o déficit das contas públicas. Contudo, especialistas apontam que investir em ciência, tecnologia e inovação é fundamental para que o país se desenvolva.

O ministro Marcos Pontes adota a mesma  estratégia de entidades como a SBPC de dialogar com parlamentares para tentar recompor o orçamento para a ciência. Uma das possíveis fontes de recursos é o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que recebe recursos de impostos, juros de empréstimos e royalties da produção de petróleo e gás, concessões e geração de energia. O Fundo arrecada mais de R$ 4 bilhões ao ano e gasta cerca de R$ 1 bilhão.

“Estamos estudando como contornar a situação, mas é importante o apoio de cada deputado porque aí vem o orçamento do ano que vem. A gente precisa melhorá-lo para poder investir mais em pesquisa”, afirma Pontes.

O presidente da SBPC, Ildeu Moreira, afirma que, por causa da falta de verbas, diversas pesquisas e setores serão prejudicados, do agronegócio à exploração do petróleo do pré-sal, os quais contribuem com mais de R$ 100 bilhões para o PIB. “Os cortes vão arrebentar nosso sistema. Já estávamos com recursos caindo. Era como andar de carro com pneus carecas ou meio vazios. Agora estão tirando as rodas”, afirma Moreira.

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M.B./L.L.