Sessão da Câmara termina em tumulto após Weintraub se recusar a ouvir estudantes

Líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (PSL-GO) chamou alunos de maconheiros

A sessão de quarta-feira (22)  na Câmara com a presença do ministro da Educação, Abraham Weintraub, terminou de forma abrupta e em tumulto após o titular da pasta se recusar a responder perguntas de estudantes da União Nacional de Estudantes (UNE) e da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES).

Quando a deputada Professora Marcivania (PCdoB-AP), que presidia a sessão, perguntou se Weintraub responderia às perguntas das entidades estudantis, o ministro disse, no microfone: “Não quero falar com a UNE, eles não foram eleitos. Nunca fui filiado à UNE”.

A fala gerou confusão no plenário. Quando a deputada do Amapá decidiu dar dois minutos de pergunta para as entidades, conforme é prerrogativa da presidência, deputados do PSL foram à mesa diretora protestar, e a reunião foi encerrada.

O deputado Delegado Waldir (PSL-GO), líder do governo na Câmara, se exaltou. Quando interpelado pelo presidente da Associação dos Docentes das Universidade Federais de Goiás (Adufg), Flávio Alves, o deputado chamou os estudantes de “maconheiros” e Alves de “petista”, gritando “vai trabalhar”.

“Esse tipo de comentário tem sido usado para destruir a imagem da universidade pública”, disse Alves, que também é tesoureiro do Proifes. “Vimos na comissão que o ministro é totalmente despreparado. Na sua apresentação, comparou o Brasil com a Coreia do Sul, o Japão e a Europa, países que não tem como comparar. Além disso, respondia às perguntas dos deputados com ironia. É um cara complicado”, disse.

Para Alves, é necessário continuar mobilizado. “Temos que ficar atentos, e apoiar estudantes em protestos. O que esse governo pretende é acabar com o ensino público.”

É a terceira vez que o ministro comparece ao congresso em um mês. Ele foi questionado pelos deputados a respeito dos cortes na educação, sofreu críticas sobre a falta de propostas e ações do MEC. A deputada Tabata Amaral (PDT-SP) disse na sessão que vai processar Weintraub por danos morais após o ministro divulgar seu número de telefone para os presentes.

Weintraub defendeu a cobrança de mensalidade na pós-graduação das universidades públicas. “Não tem o que discordar, tá lá o bonitão com o diploma de advogado, ele paga. Esse tem condição de pagar. Não é pra toda pós-graduação, mas pras que tem visão de mercado”, disse.


V.L./L.L.