Ex-ministros da Educação criticam postura de Weintraub diante das manifestações

Para ex-titulares, Ministro da Educação promove confronto e causa vergonha

A postura do Ministério da Educação e do ministro Abraham Weitraub tem gerado críticas em diversos setores da sociedade. O jornalista Leonardo Sakamoto entrevistou três professores que já foram ministros da Educação para analisarem essas reações diante das manifestações.

“Não tem paralelo na história da educação mundial. Não conheço nenhum caso no mundo de alguém que tenha, em tão pouco tempo, produzido tanto conflito.” A opinião é de Fernando Haddad, ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, sobre o comportamento do titular da Educação, Abraham Weintraub.

“Não sei que tipo de relação que ele quer estabelecer com a comunidade de educação. Parece ser de confronto permanente”, afirma Haddad, que foi ministro de Lula e candidato derrotado à eleição presidencial no ano passado. “Educação é superar barreiras, educação é gesto, é tudo o que esse ministro não faz.” O ex-ministro e ex-senador Cristóvam Buarque foi mais incisivo: “Aquilo é típico de regimes totalitários. Achei estranho porque parecia algo mal traduzido da Alemanha nazista. Eu me senti envergonhado quanto vi”.

Ele disse que também causou vergonha ver um ministro dizendo que recebeu denúncias de pais reclamando que professores estariam coagindo alunos a irem aos protestos. “O ministro está falando de universitários, não é mais o pai e a mãe que cuida das coisas. Ele trata esses estudantes como infantis”, afirma Buarque, que também esteve à frente do MEC durante a gestão de Lula e foi reitor da Universidade de Brasília.  “Em uma universidade, se um professor mandar seus alunos irem para a rua, o mais provável é os alunos não irem. Pois eles têm voo próprio, pensamento próprio. Uma declaração dessas é lamentável”, avalia Buarque.

Outro ex-ministro da Educação que criticou a nota do ministério ao blog foi o professor titular de Ética e Filosofia Política, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, Renato Janine Ribeiro. “Não há democracia, universidade e educação sem liberdade de expressão. E de todas as discussões que pode haver no ambiente da educação, a mais importante é a que valoriza a própria educação, como modo de abertura para o mundo”, disse.

Leia as críticas na íntegra: Blog do Sakamoto


C.G./L.L.