Institutos públicos amargam a perda de pesquisadores e técnicos

Cenário dramático foi apresentado por representantes de entidades científicas e sindicais em audiência no Senado

A reposição de profissionais das carreiras públicas de ciência e tecnologia nos institutos federais de pesquisa é urgente. No entanto, se depender dos setores econômicos do governo, terá que esperar a retomada do equilíbrio fiscal da União, com a aprovação das reformas estruturais como a da Previdência. Essa foi a tônica da audiência pública realizada na última quarta-feira (17) pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do Senado.

Convocada com a aprovação de um requerimento do senador Izalci Lucas (PSDB-DF), a audiência reuniu diversos representantes da comunidade de CET, entre eles o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu Moreirad+ o diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Ronald Shellard, e o secretário-executivo do Fórum Nacional das Entidades Representativas das Carreiras de Ciência e Tecnologia, Ivanil Elisiário Barbosa.

Convidados, os ministros da Economia (ME), Paulo Guedes, e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Marcos Pontes, não compareceram, mas mandaram representantes. 

Segundo dados do Senado, as carreiras de ciência e tecnologia estão presentes em 21 órgãos e instituições do Poder Executivo. Só no MCTIC são 16 Unidades de Pesquisa (UP), nas quais um terço dos mais de quatro mil cargos está vagod+ dos que estão ativos, 60% estão ocupados por profissionais com mais de 50 anos de idade, próximos à aposentadoria, informou Johnny Ferreira dos Santos. “Precisamos recompor o quadro permanente, sob risco de sucateamento da infraestrutura de pesquisa e, consequentemente, perda da capacidade de geração de conhecimento e riqueza”, reconheceu o executivo do MICT.

O secretário-executivo do Fórum Nacional das Entidades Representativas das Carreiras de Ciência e Tecnologia, Ivanil Elisiário Barbosa, disse que a situação é de “caos”, não só pela perda de profissionais, mas também pela falta de uma estratégia governamental para a área. Dos 24.260 servidores das 23 entidades representadas pelo Fórum, menos da metade (47,5%) está na ativa – e a idade média deles é 51 anos.

Os servidores em questão são responsáveis por ações em áreas extremamente especializadas, como o Programa Espacial Brasileiro, a medicina nuclear e a indústria de defesa, por exemplo. Essas carreiras perderam 75% dos quadros nos últimos 30 anos, especialmente por causa da evasão provocada por baixos salários. Atualmente, as perdas variam entre 10% e 12% ao ano, em razão de aposentadorias. Se nada for feito, alertou o senador, em cinco anos pode haver o desmonte de algumas instituições.

Leia mais no Jornal da Ciência