ADUFC repudia nomeação de reitor ‘interventor’

Com apenas 4,6% dos votos e terceiro colocado na lista tríplice, o professor de Direito Cândido Albuquerque  foi nomeado reitor da UFC pelo presidente

A Diretoria do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Ceará-ADUFC divulgou nota em repúdio à nomeação do candidato menos votado para reitor da UFC pelo presidente Jair Bolsonaro. A nomeação foi publicada na noite da segunda-feira (19) no Diário Oficial. O Diretório  Central dos Estudantes (DCE) e o Sindicato dos Professores e Servidores ameaçaram fechar a reitoria ontem a noite após Governo Federal ignorar eleição.

 “Em defesa da autonomia e da democracia na UFC: nós dizemos não à intervenção!”, diz o título da nota. Com apenas 4,6% dos votos, o professor de Direito Cândido Albuquerque foi o terceiro colocado da lista tríplice. Ele recebeu 610 votos na consulta pública, enquanto o primeiro colocado teve 7.772 votos.

 

“A imposição da figura autocrática desse interventor, rejeitado por ampla maioria (ele obteve 610 votos frente aos 7.772 do mais votado), é na verdade mais um ataque à universidade pública, mais uma medida para causar confusão e prejudicar seu funcionamento. Com ela, o atual governo demonstra mais uma vez seus perigosos instintos autoritários, seu desapreço à democracia brasileira e à livre produção do conhecimento.”

Confira a nota na íntegra:

 

Em defesa da autonomia e da democracia na UFC: nós dizemos não à intervenção!

 

Diretoria do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Ceará-ADUFC vem a público repudiar a nomeação por Jair Bolsonaro e Abraham Weintraub do candidato menos votado na consulta à comunidade universitária, Cândido Albuquerque, como reitor da UFC.

As Universidades Federais são instituições de ensino que se estruturam em órgãos colegiados de vários níveis que decidem sobre o seu funcionamento. Numa universidade como a UFC, todos os dias, milhares de pessoas estão envolvidas em discussões pedagógicas, científicas, extensionistas e administrativas, no âmbito de conselhos, colegiados e grupos dos mais variados tiposA livre discussão de ideias, projetos e problemas é o ar que respiramos. A democracia é nossa atmosfera. Por isso, a nomeação arbitrária do reitor, baseada em compromissos acertados dentro de gabinetes em Brasília, fere a organização mais básica dessa instituição plural e complexa, que, nos termos da Constituição Federal, possui autonomia frente aos governos.

A imposição da figura autocrática desse interventor, rejeitado por ampla maioria (ele obteve 610 votos frente aos 7.772 do mais votado), é na verdade mais um ataque à universidade pública, mais uma medida para causar confusão e prejudicar seu funcionamento. Com ela, o atual governo demonstra mais uma vez seus perigosos instintos autoritários, seu desapreço à democracia brasileira e à livre produção do conhecimento.

Se o dirigente máximo da instituição não é reconhecido nem pelos professores, nem pelos funcionários técnico-administrativos, muito menos pelos estudantes, como irá se inserir nessa estrutura que depende da apreciação e reconhecimento dos demais? Que engajamento poderá inspirar a professores, pesquisadores e estudantes uma autoridade universitária que não traz consigo a legitimidade do reconhecimento e da confiança manifestados através do voto? Como poderá discutir os rumos da universidade, que é o que está na pauta do país neste momento? Sua indicação é a negação de todo esse processo deliberativo e coletivo, que está na base da construção e da vida da universidade.

Essa nomeação vem se somar aos graves cortes no orçamento da universidade, à proposta de privatização via mercado financeiro, que é o Future-se, e à destruição das agências de fomento à pesquisa. O interventor, nesse contexto, terá como missão destruir por dentro o caráter público da universidade e colocá-la a serviço de uma aventura lucrativa para alguns, impedindo, com isso, o acesso à universidade ou a permanência nela das maiorias sociais.

Diante da gravidade desse ataque e da desagregação em curso no país, conclamamos a comunidade universitária, ex-estudantes, amigos da instituição e a sociedade em geral a defender a Universidade Federal do Ceará e a dizer não à intervenção. Está em risco um projeto coletivo, público e bem-sucedido de educação e produção de pesquisa, um dos maiores patrimônios da sociedade brasileira e do povo cearense.

Em defesa da Universidade Pública!

#ForaInterventor!