Fase semi-presencial exige preparação e depende de indicadores epidemiológicos, diz Subcomitê Científico

“Santa Catarina ainda está em crescimento exponencial da covid-19”, destacou ao CUn o professor Oscar Bruna Romero

Em reunião extraordinária do Conselho Universitário (CUn) nesta segunda-feira (8), o professor Oscar Bruna Romero apresentou a atualização dos trabalhos do Subcomitê Científico criado para estudar meios de retomar com segurança as atividades na UFSC. Ele definiu as quatro fases previstas pela Subcomissão  para o retorno das atividades: fase 1 (não presencial), pré-fase 2 (de preparação das atividade semi-presenciais), fase 2 (com a prática das atividades semi-presenciais) e fase 3, com a liberação das atividades presenciais, lembrando que esta última depende do fim do estado de emergência em saúde a ser decretado pelas autoridades municipais e estaduais.

“Santa Catarina ainda está em crescimento exponencial da covid-19. A cada dia os casos estão aumentando. Leva seis semanas para conhecer o resultado das medidas de abertura do isolamento. Hoje chegamos na sexta semana (desde as últimas medidas de abertura do governo catarinense) e podemos afirmar que a doença em Florianópolis e nos outros campi não está controlada conforme vários indicadores”, enfatizou o professor Romero antes de detalhar as fases da retomada. “O crescimento da covid-19 continua preocupante, os óbitos voltaram a ocorrer e os leitos de UTI estão sendo mais ocupados. Pode ser que tenhamos pela frente os dias mais difíceis desta pandemia”, acrescentou.

Nesse contexto, o  Subcomitê  Científico, que tem o papel de assessorar as instâncias deliberativas da universidade nas decisões relativas à pandemia,  definiu suas recomendações no intuito de preservar a vida e garantir a excelência academia e institucional, o cuidado com a saúde física e mental da comunidade universitária, seguindo princípios de biossegurança, destacou Romero.

Fase 1:  Nesta primeira fase, que corresponde ao momento atual, o cenário ainda é de disseminação da doença, com pouco controle sobre os contágios. Assim, a sugestão é seguir as atividades pedagógicas e administrativas de forma não presencial e permitir que sejam realizadas presencialmente, em caráter excepcional, apenas as atividades que tenham impacto na pandemia, aquelas de enfrentamento da covid-19.  O restante deve continuar não presencial.

Pré-Fase 2: com a melhora do cenário do ponto de vista epidemiológico, seguindo os padrões de segurança, a UFSC poderia passar para a fase 2, a qual exige que seja feita uma preparação das atividades semi-presenciais – trabalho que precisa ser feito presencialmente. Neste período, a instituição vai ter que organizar uma série de detalhes de funcionamento da parte presencial, como definir como será o fluxo de pessoas nos campi, a medição de temperatura , o uso de refeitórios, bibliotecas, salas de aula – “tudo isso precisa de sinalização visual”, exemplifica.  “Não podemos abrir antes desta preparação e ela leva tempo”.

Também será preciso estabelecer formas de controle de acesso aos prédios, distancia entre as pessoas em ambientes fechados, ventilação das salas, higienização dos locais, instalações para lavagem de mãos e aplicação de álcool gel. “As pessoas não podem entrar e sair ao menos tempo dos locais”, destaca Romero. A universidade terá que definir escalas de horários para evitar aglomerações.

 “Pessoas podem vir a ser infectadas e nós teremos que dar encaminhamento quando isso ocorrer”, acrescenta. O Subcomitê  Científico também propôs a realização de um  inquérito sorológico,  por meio de testes rápidos, junto a uma amostra representativa da comunidade universitária a cada duas ou três semanas. Além disso, todos terão que ser treinados em processos e procedimentos, começando pela própria colocação e troca da máscara.

Para ajudar em toda esta preparação, o Subcomitê sugeriu a criação de  três  comissões: (1) de monitoramento da epidemia; (2) de monitoramento da saúde psicológica, para atender à crescente demanda de pessoas com problemas de ansiedade; (3) de acompanhamento pedagógico, para averiguar se os estudantes estão efetivamente aproveitando as aulas.

“Esses três aspectos me parecem fundamentais para caminharmos nesse processo desde as atividades não presenciais, passando pelas semi-presenciais  e depois presenciais. Se não acompanharmos isso, teremos problemas sérios”, alerta Romero.  

Fase 2: execução das atividades semi-presenciais, que daria prioridade para a parte prática das disciplinas.

Fase 3– volta das atividades presenciais com os devidos cuidados e monitoramento.

Romero salienta que essas mudanças de fase precisam ser reversíveis tanto para frente quanto para trás,  dependendo das circunstancias, da diminuição ou do aumento da evolução da pandemia.

Mesmo na fase 3, com a doença já sob relativo controle, adverte o professor, não voltaremos àquilo que conhecíamos como “normal”, haverá um “novo normal”, em que uma série de cuidados terá que ser parte da rotina.

No final da reunião do Conselho, o reitor Ubaldo Cesar Balthazar disse que vai “conversar com o professor Oscar para entender melhor a demanda de criação dessas comissões”. Ele assegurou que todos os setores serão ouvidos.

Oscar Romero finalizou sua fala ressaltando que “cada gráfico tem por trás o trabalho de matemáticos que trabalham dia e noite para chegar a esses modelos de evolução da doença. São dezenas de horas e dias, não são fruto do acaso. Na nossa visão o caminho que uma universidade federal deve seguir tem de tomar a ciência como base na tomada de decisões”.

Imprensa Apufsc