Observatório do conhecimento: o descaso com a educação e a ciência brasileira

Entidades de docentes universitários reafirmam disposição de defender a ciência e o conhecimento como ferramentas fundamentais para uma sociedade mais justa e democrática; leia nota na íntegra

O Brasil passou dos 65 mil mortos pela Covid-19 e mais de 1,5 milhão de casos positivos da doença. Não é preciso sofrer tanto, como nesta pandemia, para se perceber que um país e seu povo precisam muito, no presente e no futuro, da educação e da saúde. Ambas são pilares para um país saudável, soberano e democrático. Mas, o governo Bolsonaro, infelizmente, se esforça para não compreender e aceitar tal fato e, pior, age até para atrapalhar o que é feito.

O negacionismo científico é um dos pilares do bolsonarismo e ajuda a explicar o tratamento dispensado pelo Presidente da República à educação nacional. Foram três ministros nomeados, cujos perfis foram a ineficiência, a agressividade e a falsidade ideológica. Todos eles não apresentaram e implementaram absolutamente nenhuma solução aos graves problemas da educação nacional.

As principais soluções científicas ao enfrentamento da pandemia têm vindo das universidades federais. São nelas que, por meio de um corpo de professores-pesquisadores altamente qualificados, se desenvolve praticamente toda a ciência brasileira. São nelas que se produz conhecimento e se formam os melhores cérebros e profissionais que o mundo todo reconhece e emprega. Um bom exemplo disso são os milhares de profissionais de saúde que atuam no SUS e hospitais espalhados pelo país, os quais têm salvo milhares de vida. Também as principais soluções sociais para minimizar os danos da pandemia, sobretudo nas periferias e entre os mais vulneráveis, têm como um dos principais agente as universidades publicas.

No entanto, o governo federal insiste em rejeitar a expertise profissional e científica, mesmo vendo seu povo agonizar e padecer. Em plena pandemia somos obrigados a conviver com a desinformação científica, orientações clínicas e prescrições de medicamentos sem comprovação científica vindas de autoridades federais. De outra parte, vários governadores e prefeitos tentam seguir as orientações científicas e da OMS, mas sem apoio do governo federal não conseguem sustentar implementa-las. A população, desorientada, age por conta própria, é deixada à própria sorte. O resultado é que o país empilha seus mortos e contamina-se.

Que futuro tem um país quando seu governo que nega o conhecimento científico ou o desvaloriza e o substitui constantemente, autorizando fake news? A situação atual de saúde física e mental de nossa população já mostra resultados desastrosos na pandemia, mas não apenas nela. O desmonte da área educacional e da ciência aumenta e compromete nossa soberania, sabota nosso desenvolvimento econômico e corrói nossa democracia. Vivemos, portanto e infelizmente, um quadro de tragédia humana, sanitária, social, econômica, política, institucional, ambiental e educacional.

O Presidente Bolsonaro declarou recentemente que “A educação está horrível no Brasil”, ao “concordar” com ele, respondemos que horrível está a vida da maioria de nosso povo e horríveis são os governos que não cuidam da ciência e da educação.

Nós, entidades de docentes universitários reunidas no Observatório do Conhecimento, reafirmamos nossa disposição de defender a ciência e o conhecimento como ferramentas fundamentais para uma sociedade mais justa e democrática.

Observatório do Conhecimento  em 07 de julho de 2020.