Ribeiro assume MEC com missão de melhorar diálogo com Estados

Novo ministro, Ribeiro toma posse com orientação de se afastar de ideologias

O novo ministro da Educação, Milton Ribeiro, toma posse nesta quinta-feira com orientações claras do Palácio do Planalto: trabalhar para melhorar o ensino superior, melhorar a capacidade de interlocução da pasta com Estados e municípios, além de combater irregularidades relacionadas a merenda escolar e livros didáticos. Para atingir esses objetivos, afirmam auxiliares diretos do presidente Jair Bolsonaro, Ribeiro terá que adotar um comportamento pacificador e se afastar de ideologias.

A posse de Ribeiro está agendada para as 16 horas desta quinta-feira e deve contar com a presença virtual do presidente Jair Bolsonaro, que está isolado no Palácio da Alvorada desde que foi diagnosticado com covid-19. Ele será o quarto ministro a comandar a pasta em cerca de um ano e meio de governo Bolsonaro.

Precedido por Ricardo Vélez Rodrígues, Abraham Weintraub e Carlos Alberto Decotelli, Ribeiro assume uma das pastas mais expostas à influência da ala ideológica do governo e terá a missão de reduzir os atritos da pasta com alas do Executivo, do Congresso, do Judiciário e da sociedade que surgiram na gestão de Weintraub. Decotelli ficou menos de uma no cargo devido a inconsistências em seu currículo acadêmico.

Segundo um auxiliar direto do presidente da República, o novo ministro da Educação precisa manter um perfil conciliador, em linha com a nova postura adotada por Bolsonaro e o governo.

“Se colocar a ideologia como sendo a sua principal preocupação, do jeito que está hoje a tendência é apanhar e não conseguir fazer nada”, afirmou a fonte ao Valor, frisando a necessidade de uma relação construtiva com os reitores, por exemplo. “Tem que mostrar serviço, se aproximar, mostrar quais são os seus parâmetros de conduta e o que quer mudar.”

Essa fonte reconhece que a educação no Brasil ainda apresenta baixos índices de qualidade e que, portanto, há muito o que se fazer. “Tem muita coisa para ser feita, mas não vai ser feita na marra, dentro de princípios ideológicos. Não é isso. Tem que buscar a excelência no ensino”, destacou.

Para a fonte, o novo ministro terá como desafios discutir mudanças no currículo e debater a eficácia do ensino à distância, que antes da pandemia era visto como uma solução indiscutível, mas depois da pandemia vem sendo questionada por muitos especialistas.

Por outro lado, destaca esse auxiliar de Bolsonaro, o ministro terá mais poder para deixar uma marca no ensino superior.

“É onde ele pode influir decisivamente”, disse. “A capacidade que tem o Ministério da Educação de influir decisivamente é no ensino superior. O ensino médio, o ensino fundamental, aquele ensino básico, nesses níveis é ou com o governo do Estado ou município. A influência é menor.”

Outros governistas, porém, afirmam que Ribeiro terá que seguir uma pauta minimamente conservadora, para agradar a base radical de Bolsonaro, o bolsonarista raiz, que o vê com desconfiança.

O novo ministro da Educação é pastor e ex-vice-reitor da Universidade Mackenzie. Seu currículo na comissão informa que ele é doutor em Educação pela Universidade de São Paulo e mestre em Direito Constitucional pelo Mackenzie. É bacharel em Teologia.

Valor Econômico