UFRJ diz ‘não compactuar’ com crenças de professor defensor de ‘tratamento precoce’ que preside comitê criado por Castro no Rio

Especialistas criticam a indicação de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19, mostra O Globo

Depois que o governador Cláudio Castro escolheu o infectologista Edimilson Migowski como presidente do novo comitê científico estadual de enfrentamento à Covid-19, O GLOBO questionou a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde o médico leciona, sobre a controvérsia que ele criou ao defender soluções sem eficácia comprovada para a doença, como o tratamento precoce à base do antiparasitário nitazoxanida. Por nota, a reitoria da universidade pontuou que o professor se posiciona por ele próprio e que não compactua com as crenças dele.

“Não houve indicação da UFRJ para o Governo do Estado”, diz ainda o comunicado. A instituição escreveu também que a questão da prática clínica é regulamentada pelos conselhos regionais e federal de Medicina, não pela universidade. “Na UFRJ, ele não é médico. Não temos protocolos com medicação precoce em nossos hospitais”, diz a instituição.

Segundo a universidade, Migowski é ligado ao Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG/UFRJ). De acordo com a plataforma Lattes, Migowski tem títulos de mestrado em Pediatria e doutorado em Doenças Infecciosas e Parasitárias, ambos pela UFRJ. O currículo informa que Migowski mantém, desde 2002, os cargos de Professor Adjunto e Chefe do Serviço de Infectologia Pediátrica da UFRJ. Ele foi diretor do IPPMG/UFRJ de 2011 a 2017.

Nas redes sociais, Migowski defende o uso da nitazoxanida, um vermífugo, como tratamento prévio para sintomas de Covid-19. No ano passado, o governo federal chegou a dizer que o remédio reduziria a carga viral em pacientes infectados, mas em janeiro o Ministério da Saúde informou à Câmara que decidiu não incorporar a nitazoxanida ao tratamento da doença.

Em outubro, Migowski fez uma live com o médico Guili Pech, que também faz parte do comitê. O tema foi “A ditadura da medicina baseada em evidências e o uso da nitazoxanida”. Em março deste ano, um perfil de Instagram chamado “Fique Bem”, também administrado por Migowski, divulgou uma live intitulada “Lockdown é para gestores incompetentes”.

Num outro post desta conta, publicado no mesmo mês, o infectologista Mauro Schechter, também da UFRJ, chegou a convidar Migowski para um debate sobre as terapias defendidas pelo hoje presidente do comitê científico estadual de combate à pandemia.

Em outubro, Migowski fez uma live com o médico Guili Pech, que também faz parte do comitê. O tema foi “A ditadura da medicina baseada em evidências e o uso da nitazoxanida”. Em março deste ano, um perfil de Instagram chamado “Fique Bem”, também administrado por Migowski, divulgou uma live intitulada “Lockdown é para gestores incompetentes”.

Num outro post desta conta, publicado no mesmo mês, o infectologista Mauro Schechter, também da UFRJ, chegou a convidar Migowski para um debate sobre as terapias defendidas pelo hoje presidente do comitê científico estadual de combate à pandemia.

Os únicos métodos de prevenção à Covid-19 preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) são o uso de máscara, a higienização frequente das mãos e o distanciamento social. Outros pesquisadores da área de doenças infecciosas pleiteram publicamente a restrição das atividades comerciais para conter o contágio do vírus. Entre eles, o infectologista da UFRJ Roberto Medronho, ex-presidente do comitê científico criado pelo governador afastado Wilson Witzel.

Leia na íntegra: O Globo