Reitores da USP, Unicamp e Unesp criticam nomeação da nova presidente da Capes

Em manifesto publicado pelo Cruesp, os reitores elencam fragilidades e dizem temer por dificuldades na gestão, relata Folha

Os reitores das três universidades estaduais paulistas (USP, Unicamp e Unesp) divulgaram no fim de semana um comunicado em que criticam a substituição de Benedito Guimarães Aguiar Neto por Claudia Mansani Queda de Toledo na presidência da Capes.

Para os reitores, a qualificação técnica, o abrangente conhecimento sobre a pós-graduação e sobre o sistema de educação, além do currículo acadêmico, devem ser os critérios para a escolha de dirigentes desse tipo de órgão. A Capes é vinculada ao MEC (Ministério da Educação), comandado pelo pastor Milton Ribeiro.

“A legitimidade para o diálogo institucional é pré-requisito para o sucesso das estratégias a serem definidas para qualificar e consolidar cada vez mais o sistema existente. Sem estes, como é o caso da presente nomeação, antevemos enormes dificuldades na gestão futura da Capes. E lamentamos profundamente que isto ocorra”, diz a nota assinada pelos reitores Vahan Agopyan (USP), Marcelo Knobel (Unicamp), Pasqual Barretti (Unesp) e Antônio Meirelles (reitor nomeado da Unicamp). O manifesto foi publicado no site do Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas).

A nomeação da advogada provoca críticas no meio acadêmico por fragilidades de seu currículo. Claudia Toledo é doutora em direito pelo Instituto Toledo de Ensino, de Bauru (SP), atualmente chamado de Centro Universitário de Bauru. Ela atuava como reitora da instituição, que é de sua família.

Foi lá que estudou o ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro – logo após assumir, ele esteve no local e foi homenageado. O ministro André Luiz Mendonça (Advocacia-Geral da União) também passou pela faculdade.

No comunicado, os reitores afirmam que o Brasil é um dos poucos países latino-americanos com uma pós-graduação consolidada e com padrões internacionais de qualidade.

“As razões para isto são muitas, com especial destaque para duas iniciativas importantes e complementares que estruturaram a pesquisa no país: a criação do CNPq, como agência de fomento, e da Capes, como organizadora e avaliadora do sistema de pós-graduação brasileiro”, diz o texto.

Segundo eles, o papel da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior) a partir da década de 1970 foi fundamental para a alavancar a pós-graduação brasileira com fomentos e bolsas, criação de cursos de mestrado e doutorado, programas de formação de mestres e doutorores nas universidades federais e estaduais e contribuição para a formação de professores do ensino básico.

Na avaliação dos reitores, junto com o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), a Capes contribui para a consolidadação da pesquisa nas universidades e institutos de pesquisas, o que permite, por exemplo, encontrar soluções para problemas como a pandemia da Covid-19.

Leia na íntegra: Folha de S. Paulo