Como o corte de verbas joga a ciência brasileira na incerteza

Segundo Nexo, com redução de quase 30% dos recursos previstos para Ministério da Ciência e Tecnologia, área mais atingida no orçamento de 2021, CNPq vai conseguir pagar apenas 13% das bolsas aprovadas para jovens cientistas

Um dos principais pilares de investimento na ciência brasileira, o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) aprovou 3.080 projetos no último edital de bolsas de doutorado e pós-doutorado em 15 de março. Entretanto, a agência só terá condições de bancar 396 projetos (13% do total) no Brasil, reportou o Jornal da USP em 20 de abril. Isso quer dizer que mais de 2 mil projetos que tiveram parecer positivo dos respectivos comitês não terão recursos para serem realizados de fato.

O caso é um retrato do futuro incerto da ciência no país. Depois de meses patinando entre impasses e acordos entre governo federal e o Congresso, o Orçamento de 2021 reduziu 29% dos recursos para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, a área mais atingida: de R$ 11,8 bilhões em 2020, o orçamento do ministério caiu para R$ 8,3 bilhões em 2021.

Em audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados, em 7 de abril, o ministro Marcos Pontes disse que o orçamento previsto não é suficiente nem para manter unidades de pesquisa vinculadas ao ministério, incluindo institutos-chaves como o Inpe, que é responsável pelo monitoramento ambiental da Amazônia. Quanto aos cortes nas bolsas do CNPq, o ministro definiu como “uma facada”.

Até agora, a verba destinada para fomento de novas pesquisas, que dentro do ministério é manejada pelo CNPq, é de R$ 23,7 milhões – destes, R$ 23,5 milhões para viabilizar os 396 projetos; os R$ 200 mil restantes, segundo informou a agência ao Jornal da USP, ficarão reservados para bolsas fora do Brasil “a serem divulgadas quando o cenário de pandemia for mais adequado”.

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