Deputado e professores questionam Inep por barrar estudo sobre pacto de alfabetização do PT

Bandeira do governo Dilma, Pnaic teria gerado melhoria em indicadores educacionais, como aponta coluna da jornalista Mônica Bergamo

O deputado Professor Israel Batista (PV-DF) enviou um requerimento ao Ministério da Educação questionando por que o Inep barrou a publicação de estudo que mostra a melhoria em indicadores educacionais gerados pelo Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), bandeira do governo Dilma. O Inep nega censura.

APOIO

E uma comissão de docentes que representa um grupo de 300 professores de escolas estaduais e municipais do Rio de Janeiro elaborou uma carta contra a decisão do Inep, que tem sido denunciada por servidores. “A negação do pacto e seus efeitos na construção de novas políticas de alfabetização e valorização da formação continuada de professores da escola básica contraria os avanços constituídos ao longo do tempo”, afirma o documento.

Leia, abaixo, a íntegra da carta:

Às Autoridades da União, Estados e Municípios Exmo. Sr. Ministro da Educação 

Carta aberta aos poderes da república, ao sr. ministro da educação e à sociedade civil sobre o artigo publicado pelo inep que descredibiliza a eficácia do pnaic na formação continuada docente

Os cursistas do PNAIC do Estado do Rio de Janeiro, aqui representados por 300 professores Alfabetizadores da Escola Básica, em ato de manifestação contrária a censura do estudo “Avaliação Econômica do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa”, pesquisa do servidor do instituto Alexandre André dos Santos em parceria com o pesquisador da FGV Renan Gomes de Pieri, que conclui que o PNAIC garantiu melhorias em indicadores de aprendizagem e de aprovação. 

Ressaltamos que a negação do Pacto e seus efeitos na construção de novas políticas de alfabetização e valorização da formação continuada de professores da Escola Básica, contraria os avanços constituídos ao longo do tempo. 

Nós, professores, destacamos a importância desta formação na trajetória profissional e curricular docente, na qual o diálogo e a pesquisa estavam sempre presentes nas trocas entre seus pares, resultando na ampliação de saberes necessários a uma prática docente desafiadora, conforme trechos de uma carta encaminhada a UFRJ, que solicita a continuidade da parceria entre a Universidade e a Escola Básica para a formação de Professores Alfabetizadores, assinada por mais de mil professores que frequentaram e realizaram ações do PNAIC, onde citam: “Atualmente, conseguimos fazer uma retrospectiva e autoavaliação dos docentes que éramos, do que nos tornamos e do que ainda poderemos ser. Novas perspectivas, metodologias, experiências, conhecimentos e aprendizagens foram adquiridos no processo de formação do PNAIC”. 

Por isso, não podemos deixar uma formação de excelência, que nos levou a vislumbrar tantas possibilidades, ficar incompleta, ser descredibilizada e negada. Isto porque compomos um número expressivo de professores que desejam minimamente que toda essa trajetória de aprendizados seja respeitada e quiçá novamente tenhamos a oportunidade de dar continuidade a esta política de formação docente. Necessitamos aprofundar os saberes adquiridos e lapidar as práticas alcançadas, considerando a responsabilidade social dos professores, pois sabemos que toda formação se reflete na escola e na comunidade onde estamos inseridos. 

O PNAIC foi a mais estratégica e decisiva política que tentou assegurar a plena alfabetização de nossas crianças em idade apropriada. Portanto, acredita-se ser de grande relevância a análise investigativa do referido pacto, principalmente por ser ele uma afirmação do que se pode considerar como busca pela qualidade do ensino público, propondo um trabalho que seja contínuo, gradual e incentivador do sucessivo desenvolvimento dos discentes. 

O processo formativo do PNAIC e os seus inúmeros benefícios para os alunos e para os professores, que renovaram suas práticas. Ressaltando que, uma única Avaliação para Alfabetização (ANA), não seria capaz de mensurar tais conhecimentos adquiridos pelos discentes durante esse percurso. 

Diante dos argumentos expostos, solicitamos que o estudo do Alexandre André dos Santos seja autorizado, e a partir desta publicação, novos debates públicos aconteçam relativos à avaliação escolar das crianças em seus aspectos mais amplos e levados em conta em todo o seu percurso. O imenso debate sobre a Alfabetização no país só foi possível por conta da dinâmica das formações do PNAIC; nunca se falou e se pensou tanto em Alfabetização quanto no período de vigência da política. 

Organização da comissão: Simone Pluvier Duarte Costa A Comissão: Ana Lúcia Marinho Valério, Cristiane de Souza Silva Rangel, Daniele Aparecida de Jesus L. D. Braga, Ezilani Santos da Rocha, Simone Pluvier Duarte Costa, Tatiana Muniz de Souza e Vanessa Cristina Dias dos Santos.

Fonte: Folha de S. Paulo