Pão da Quebrada: conheça o trabalho feito por padaria comunitária da Vila Aparecida

Receita da Padaria Comunitária Dona Zezé foi desenvolvida em conjunto com extensionistas da UFSC

Com a ajuda de extensionistas da UFSC, um projeto de integração social na Vila Aparecida, na região continental de Florianópolis, vem gerando renda e capacitando pessoas em situação de vulnerabilidade. A Padaria Comunitária Dona Zezé foi inaugurada em outubro de 2020 no Centro de Integração Social Santa Dulce dos Pobres. O espaço é gerenciado pela Ação Social Arquidiocesana (ASA) de Florianópolis.

“O espaço físico foi cedido em 2019, mas ainda não tínhamos uma inserção e atuação na Vila Aparecida. Começamos a nos aproximar da comunidade, conversando com lideranças e vimos as demandas. Assim, procuramos mobilizar recursos para poder fazer a atuação na Vila”, conta Luciano Leite, assistente social e coordenador do Centro de Integração Social Santa Dulce dos Pobres. Desde então, o grupo se reúne semanalmente para pensar nas ações do Centro.

A UFSC também está presente na comunidade por meio de um projeto de extensão do Centro de Ciências da Saúde, o APRINDCor (Ações Preventivas Interdisciplinares para Doenças do Coração). Durante a pandemia, muitos dos projetos do grupo tiveram de ser paralisados, mas os extensionistas adequaram suas atividades para não parar.

A parceria com a ASA teve papel fundamental para que o projeto da padaria saísse do papel. Foram os extensionistas da UFSC, em colaboração com a estudante do curso de Nutrição Greicy Vedana, que ajudaram os moradores a desenvolver a receita do Pão da Quebrada. Com fórmulas 30% e 70% integral, sem leite, sem ovos e de valor acessível, o pão foi pensado para as necessidades da comunidade.

“É importante lembrar o simbolismo por trás dessa ação. O pão simboliza a segurança alimentar que é fundamental para que uma comunidade tenha soberania”, diz o professor Roberto Ferreira de Melo, coordenador do APRINDCor e diretor de Promoções Sociais, Culturais e Científicas da Apufsc. Ele reforça que a padaria permite empregar moradores, mas também levar um pão com qualidade nutricional e subsidiado àquela comunidade. “Com o esse projeto, saímos do muro da universidade e aumentamos nossa inserção na comunidade.”

Padaria Comunitária: alternativa saudável e espaço de construção coletiva

Com a ajuda de Marcelo de Mendonça Corradini, morador da Vila Aparecida que já tinha trabalhado com panificação, a receita do Pão da Quebrada tomou forma, cor e sabor. Funcionando três vezes por semana, a Padaria Comunitária Dona Zezé produz uma média de 160 pães.

A ASA, com a ajuda de outras entidades, banca os insumos para a produção. Hoje são 4 pessoas trabalhando na padaria: dois padeiros e duas pessoas na comercialização. Todo o lucro da padaria é revertido para o pagamento do salário dos envolvidos, gerando renda para a comunidade. 

“Fazemos uma produção baixa para não perder a qualidade do produto”, comenta Luciano. “Todo dia pensamos em soluções novas: antes, os pães eram distribuídos em sacos plásticos. Hoje, utilizamos sacos de papel, mais sustentáveis”.

Ateliê, saboaria, cozinha comunitária e projetos de capacitação

Além da padaria, o Centro também desenvolve outras atividades visando gerar renda para a população da Vila Aparecida. “Nossa função não é suprir as demandas e funções do estado, mas sim ajudar no que pudermos”, salienta o coordenador do Centro.

Cozinha Comunitária Dona Hilda: foi o primeiro projeto do Centro. Nas sextas-feiras a cozinha produz uma média de 150 marmitas para distribuição nas comunidades Vila Aparecida e Maloka. Nas segundas, quartas e quintas, o coletivo Cozinha Solidária do Ribeirão da Ilha assume a produção e entrega cerca de 120 marmitas por dia para pessoas em situação de rua na Praça XV, na comunidade Chico Mendes e em São José. No próximo dia 27 de junho, a cozinha completa um ano de funcionamento.

Ateliê de Costura Retalhos da Vila: com um grupo de quatro moradoras da comunidade, o ateliê trabalha com consertos de roupas, confecção de tapetes e desenvolvimento de uma marca própria. Atualmente, estão sendo desenvolvidos absorventes de pano, uma alternativa barata e sustentável para as mulheres da comunidade. O ateliê também promove um bazar comunitário uma vez por mês, com roupas doadas e customizadas a preços acessíveis.

Saboaria e Cosmética da Vila: em parceria com o Ateliê do Neem, três moradores da comunidade realizam a produção e venda de sabonete, xampu, condicionador em barra e desodorante em pasta. Atualmente a saboaria está em recesso em razão da pandemia.

Horta comunitária: o projeto mais recente do centro virá dos resíduos orgânicos daquilo que é produzido nas cozinhas e que são separados para compostagem. Com o resultado do primeiro composto, uma horta comunitária em parceria com o Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro) está planejada para começar no mês de julho.

Como ajudar

Para que o Centro de Integração Social Santa Dulce dos Pobres funcione, é preciso que entidades, associações e pessoas físicas ajudem financeiramente a manter os custos do local. “O Centro na verdade é uma junção de entidades que ajudam a comunidade. Integração é a palavra-chave. Os projetos são resultados dessa soma de conhecimentos e saberes”, explica Luciano.

A forma mais direta de ajudar é com a compra dos produtos produzidos pelo Centro, além de doações para a conta bancária da ASA.

No caso dos pães, para os moradores da comunidade, o valor é de apenas R$ 4. Para demais clientes, a unidade custa R$ 6. Encomendas podem ser feitas pelo telefone (48) 98452-5588. O Pão da Quebrada possui 500g, não contém leite nem ovos e tem fórmulas 30% e 70% integral.

Imprensa Apufsc