Nota de Pesar: falece Erni Seibel, professor aposentado do CFH

A UFSC e sua comunidade de estudantes, egressos, técnicos, professores manifesta sua tristeza e solidariedade neste momento de dor, aos amigos, colegas e familiares do professor

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) comunica, com pesar, o falecimento do professor aposentado do Departamento de Sociologia e Ciência Política do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), Erni José Seibel, aos 70 anos. Ele faleceu em sua casa, na Praia do Campeche, em Florianópolis, em decorrência da Covid-19. Seibel também fazia tratamento contra um câncer.

Seibel ingressou como docente na UFSC em 1978 e aposentou-se em 2009, após mais de 30 anos de serviço. Depois de sua aposentadoria, seguiu atuando como voluntário junto ao departamento e ao Núcleo Interdisciplinar em Políticas Públicas (NIPP), fundado por ele.

Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1975) fez mestrado em Administração também pela UFRGS, o qual concluiu no mesmo ano em que ingressou como docente na UFSC, em 1978. Inicialmente o professor Seibel lecionou no Departamento de Ciências da Administração, e em 1993, quando concluiu seu doutorado em Ciência Politica na Freie Universität Berlin, passou a lecionar no Departamento de Sociologia e Ciência Política da UFSC. Sua área de pesquisa foi a Administração, com ênfase em organizações públicas, políticas públicas, administração pública, cultura política e indicadores sociais.

Além de professor e pesquisador, Erni Seibel era artista. Era escultor e artista plástico digital, expunha seus trabalhos na internet e em exposições. A última delas, anunciada em suas redes sociais, ocorreu em outubro de 2021.

O CFH e o Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Ciência Política assinam nota em homenagem ao professor Seibel, na qual lembrou a contribuição do docente com a criação do NIPP, núcleo que “congregou pesquisadores de diversas áreas e que hoje é uma referência em estudos na área, sobretudo em temas como violência, segurança e gestão de políticas públicas”. A nota reforça uma característica marcante do professor: “Acima de tudo, Seibel era uma pessoa apaixonada pela Universidade, sempre muito querido por colegas e alunos”.

O presidente da Apufsc, Bebeto Marques, também se solidariza com o falecimento do professor e ressalta a grande perda à comunidade. Marques relembra a atuação de Seibel no sindicato: “Uma referência do movimento docente, sempre envolvido com o sindicato, com as nossas lutas, uma pessoa com capacidade de análise, com envolvimento prático nas lutas. Era uma pessoa, não só para o CFH, mas para toda a categoria, com capacidade de influenciar na decisão dos rumos das nossas lutas”.

O velório será na Capela A do Cemitério do Itacorubi, nesta terça-feira (8) entre 15h e 20h. Depois, o corpo será cremado.

Colegas que trabalharam e conviveram com o professor Seibel lamentaram a perda e prestaram homenagens. Confira abaixo as manifestações:

Como descrever o Seibel? Foi meu professor na pós graduação e amigo de Departamento. Pessoa muito querida e de uma extraordinária generosidade. Sabia como ninguém enfrentar os reacionários e conservadores. NUNCA se furtava a luta. Enfrentava todo debate com galhardia. De um humor fino; desarmava seus desafetos com uma piada e sorriso largo, que devolvia nos corredores. Estudou na Alemanha e formou gama enorme de alunos de graduação e pós- graduação. Pesquisador top criou núcleo de pesquisa e trabalhava com base em dados quantitativos enormes; tanto é que fez uma pesquisa sobre a qualidade de ensino para o governo do Estado envolvendo base de dados de milhares de entrevistas. Sensível, ouvia a todos com atenção, sempre dando elogios às pessoas e incentivando a irem em frente. Crítico contumaz, desafiava as convenções e lutava pelos direitos das mulheres e minorias. Na última vez que conversamos, eu e o Alvim falamos da porta de sua casa no Campeche; no auge da pandemia- bastante debilitado fazia piada e estava bastante otimista com o início da quimioterapia. Lutou até o fim, com apoio da família e sempre rodeado dos amigos, muitos amigos. Difícil conter as lágrimas enquanto escrevo. Mas a sua gargalhada ainda ecoa. Essa é a lembrança que fica. Vai em paz grande mestre. Por quem os sinos dobram? Os sinos dobram por ti, Seibel.
Itamar Aguiar, professor do CFH

Realmente uma muito triste, enorme perda. O reconhecimento do Seibel como uma figura generosa é consenso a todos os depoimentos. Sua amizade, sua disposição para receber e acolher as pessoas e suas tradicionais festas de fim de ano para promover a confraternização vão fazer falta e deixar saudades!
Ricardo Muller, professor aposentado do CFH

Adeus, meu amigo Seibel!
Fiquei abalado quando soube que o “Prof. Seibel” tinha falecido. Não acreditei e pensei: será o Erni? Que outro professor Seibel existiria na UFSC? Confirmei, era você. O que teria acontecido? Parece que foi ontem que nos cruzamos na Av. Pequeno Príncipe, no Campeche, você caminhando, eu correndo e nos saudamos efusivamente como era nosso costume. Combinamos um café na sua casa, o que não aconteceu. Desculpa, eu não sabia que você estava doente, mesmo você morando a menos de um quilômetro de minha casa. Nesse café, certamente recordaríamos nossos tempos de Sócio-Econômico, você no Depto de Administração, eu no de Economia, de nossas lutas conjuntas pela democratização da UFSC e de nossos Departamentos, de nossas participações no movimento docente, nas greves, na criação da APUFSC. E, certamente, lembraríamos da Brasília vermelha que você me vendeu quando foi para o doutorado na Alemanha e eu te pediria para me contar outra vez as dificuldades que você superou lá, inclusive com a língua alemã. E não poderíamos deixar de recordar nossos encontros no Tocaia, o barzinho na rua da Capela, onde nos reuníamos e onde, lembro muito bem, você organizou uma sessão de leitura de poesia. E nessa conversa eu ouviria suas histórias, riria com seu humor inteligente, e ouviria suas gargalhadas. Que pena, meu amigo que o café não aconteceu. Mas o que vivemos juntos, ficará pra sempre. Desculpa não ter te procurado a tempo para esse café.
Com carinho, Pedro Vieira.

Pedro Vieira, professor do CSE

Nem bem amanheceu e soube do falecimento do colega Erni Seibel. O mundo ficou mais triste!, disse uma colega. De fato, o dia, o mundo, ficaram bem mais tristes. Perdemos a possibilidade de continuar convivendo com alguém cujos sonhos e projetos para a construção de um mundo melhor, mais igualitário, menos individualista, mais justo, empolgavam a todos e faziam a gente se mexer e querer participar dessas possibilidades de transformação. Seibel era um colega como poucos pois, justamente, empolgava quem com ele tinha a oportunidade de conviver e, no meu caso, de trabalhar em conjunto. A forma apaixonada e ao mesmo tempo ponderada como apresentava suas propostas, sempre inovadoras e visionárias, era contagiante. E isso podia acontecer em um encontro numa das escadas ou corredores do CFH, na cantina, ou num seminário acadêmico. Ao encontrar o Seibel era certo que você sairia se ocupando do que até então não imaginava e pensando: não é que pode ser mesmo uma boa ideia?! E por isso, Seibel sempre me pareceu uma pessoa de fato compromissada com a vida e com o seu trabalho. 
Outros já falaram, mas eu também gostaria de lembrar sua forma sempre gentil e sorridente de conversar, expor e defender suas ideias. Sua gentileza era acompanhada da firmeza com a qual defendia seus ideais de mundo e de vida. Com o seu modo de ser nos ensinou que a vida está ai para ser vivida plenamente, de forma engajada, compromissada e, apaixonada. 
Vais fazer falta, Seibel! Seja lá onde estiveres, continuaremos a insistir que o mundo pode ser melhor, mais justo, mais inclusivo, mais igualitário.

Queria ter tido a oportunidade de te dar um abraço e de me despedir. Mas eis que a vida nos trouxe a pandemia e só nos permitiu acenos entusiasmados quando nos cruzávamos nas ruas do Campeche durante suas caminhadas. Siga em paz, amigo, muitos de nós continuaremos insistindo nos seus, nos nossos ideais.   
Miriam Hartung, professora do CFH

Fonte: Notícias da UFSC