Dinheiro gasto pelo FNDE em obras paralisadas permitiria dobrar o orçamento do CNPQ

Obras inacabadas consumiram, entre 2008 e 2022, R$ 1,7 bilhão em recursos do governo federal. Esse dinheiro, que não resultou em nada, corresponde ao orçamento do CNPq, segundo a Revista Piauí

Desde 2007, o governo federal aprovou a construção de 15,7 mil escolas e creches Brasil afora. O dinheiro é repassado via Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia vinculada ao Ministério da Educação. Controlado pelo Centrão, o FNDE tem sido generoso com aliados do governo, liberando verbas para a construção de novas escolas em ano eleitoral. Enquanto isso, falta dinheiro para retomar obras que estão inacabadas há anos.

Das 15 mil obras autorizadas pelo governo nos últimos quinze anos, pouco mais da metade foi concluída. Algumas foram canceladas, outras estão atrasadas, e muitas foram abandonadas no meio do caminho. Há 2,5 mil escolas e creches inacabadas no país, construídas pela metade ou nem isso. Essas obras já consumiram 1,7 bilhão de reais da União, em valores atualizados – dinheiro usado para comprar materiais que, em muitos casos, estão se deteriorando, sem uso. Em vez de abrigar alunos, as escolas viram depósito de mato, lixo e até porcos. O =igualdades utilizou dados tabulados pela Transparência Brasil para explicar o tamanho do problema.

O Brasil tem 2.485 obras de escolas e creches que começaram a ser construídas e, por diferentes razões – seja falta de repasses do FNDE, problemas com empreiteiras ou questões políticas –, foram paralisadas. Essas obras inacabadas consumiram, entre 2008 e 2022, R$ 1,7 bilhão em recursos do governo federal. Esse dinheiro, que não resultou em nada, corresponde ao orçamento do CNPq, órgão que fomenta a pesquisa científica no Brasil e atualmente sobrevive com R$ 1,3 bilhão por ano.

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