Sem reposição, UFSC iniciará 2023 com déficit orçamentário de R$ 5,2 milhões

Sessão aberta do Conselho Universitário realizada nesta sexta-feira, dia 21, discutiu a situação orçamentária da universidade

Em sessão aberta do Conselho Universitário (CUn), realizada nesta sexta-feira, dia 21, a Administração Central da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) discutiu os impactos do corte de R$ 12,6 milhões no orçamento da universidade realizado pelo Governo Federal em junho deste ano. Se não houver reposição, a instituição começará 2023 com déficit orçamentário de R$ 5,2 milhões.

Com o corte de R$ 12,6 milhões no orçamento da universidade para este ano, a verba de custeio da UFSC caiu de R$ 132 milhões, previstos no orçamento inicial, para R$ 119,4 milhões. De acordo com dados da Secretaria de Planejamento e Orçamento (Seplan), até o momento, a instituição já gastou R$ 110,9 milhões, restando apenas R$ 8,5 milhões para o funcionamento no último trimestre.

Hoje, a UFSC requer uma verba de custeio de R$ 16,6 milhões por mês para seu funcionamento até o fim do ano. A secretária de Planejamento e Orçamento da UFSC, Andrea Cristina Trierweiller, apresentou as medidas já aplicadas pela universidade para reduzir os custos. Entre elas, estão a suspensão do pagamento de contas de água e luz neste último trimestre e a redução de repasses às unidades administrativas e acadêmicas – sem qualquer repasse às unidades administrativas entre setembro e dezembro e sem repasse às unidades acadêmicas em dezembro.

Apesar das medidas aplicadas, a Administração Central da UFSC estima que os gastos neste último trimestre serão de R$ 13,7 milhões, R$ 5,2 milhões a mais do que a instituição tem disponível. As contas de água e luz que deixarão de ser pagas nesses meses também irão impactar o orçamento da universidade para 2023. “É cuidar de hoje, mas com o olho lá [em 2023]”, pontuou a secretária.

Após a exposição do quadro orçamentário, o reitor Irineu Manoel de Souza, presidente do CUn, abriu espaço para manifestação das entidades representativas da universidade. A primeira a se pronunciar foi a Apufsc, seguida pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), Sindicato de Trabalhadores em Educação das Instituições Públicas de Ensino Superior do Estado de Santa Catarina (Sintufsc) e Associação de Pós-Graduandos (APG).

Carlos Alberto Marques, presidente da Apufsc, ao subir no palco, chamou atenção para os problemas que o Brasil vem enfrentando durante o atual governo. Ao questionar “que país é esse?” em seu discurso, Bebeto tratou não só sobre as verbas das universidades, mas sobre o cenário social e político que se instaurou no Brasil.

::: Leia o discurso na íntegra

“Não podemos falar em algo ocasional ou conjuntural, mas de um projeto cujo mecanismo principal é alterar a forma de financiamento das universidades federais e aumentar o controle sobre o que aqui se diz, se faz e de quem dela deve usufruir e frequentar. Ou seja, é um projeto que envolve a perda de nossa autonomia e a perda da gratuidade de ensino, total ou parcial”, alertou Bebeto.

Bebeto Marques, presidente da Apufsc, faz discurso em sessão do Conselho Universitário no Centro de Cultura e Eventos da UFSC (Foto: Lais Godinho/Apufsc)

Antes das falas das representações estudantis, alunos entraram no auditório com faixas e cartazes contra racismo e LGTBfobia na universidade, por conta de casos que aconteceram nas últimas semanas no Centro de Ciências da Educação (CED). O representante do DCE,  Francisco Machado, ao subir ao palco, concordou com a pontuação do presidente da Apufsc. “Esse corte de agora não é algo que vem pontualmente, mas faz parte de um projeto, como o professor Bebeto muito bem colocou. É um projeto de desmonte, de sucateamento, para venda de tudo que é público.”

Estudantes entram em sessão do CUn com faixas e cartazes (Foto: Lais Godinho/Apufsc)

Giana Laikovski, coordenadora-geral do Sintufsc, pontuou que o desafio para a universidade pública continua depois do segundo turno das eleições. “O que a gente está vendo hoje e o cenário para o nosso futuro, independente do dia 30, é um cenário de total desmonte. Nosso papel, enquanto bases que compõem a universidade, é a luta.”

A APG, por meio de suas representantes Amanda Mauricio Alexandroni e Luísa Nunes Estácio, usou o espaço para falar sobre a proposta de ensino híbrido que está sendo discutida na Câmara de Pós-Graduação (CPG) da UFSC. “Do nosso ponto de vista, essa é uma saída que tem sido construída para gerir a crise. O ensino híbrido na pós economiza com Restaurante Universitário, economiza com estudantes que não vão estar circulando pela universidade. Mas a gente não quer economia na nossa formação”, destacou Amanda. No início da fala, estudantes da pós-graduação entraram na sessão com cartazes contra o ensino remoto.

Com cartazes, estudantes se manifestaram contrários ao ensino híbrido na pós-graduação (Foto: Lais Godinho/Apufsc)

Os conselheiros expuseram suas opiniões sobre a situação da universidade como um todo e, em especial, a questão orçamentária. Como proposta de encaminhamento, o pró-reitor de pesquisa, Jacques Mick, sugeriu uma moção pedindo apoio para recomposição orçamentária aos parlamentares catarinenses no Congresso Nacional. A moção foi votada e aprovado por unanimidade pelos conselheiros.

A Reitoria da UFSC também se comprometeu a convidar a superintendência do Hospital Universitário e as diretoras do Colégio de Aplicação (CA) e do Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI) para participar das próximas discussões e a atuar em prol da mobilização da comunidade. Também foi destacado que a política de enfrentamento ao racismo institucional será colocada em pauta na reunião do CUn do dia 30 de novembro.

Assista à sessão do CUn na íntegra:

Lais Godinho
Imprensa Apufsc