Vice-presidente da Apufsc apresenta sua mais recente obra no projeto Livro na Praça

“Literatura e Política no Estado Novo” é o quarto título de Adriano Luiz Duarte, professor do Departamento de História da UFSC

Estreando a programação de novembro do projeto Livro na Praça, o vice-presidente da Apufsc-Sindical, Adriano Luiz Duarte, apresentou na noite desta sexta-feira, dia 4, sua última obra lançada, “Literatura e Política no Estado Novo”. O evento, promovido pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC), lotou a Igrejinha da UFSC e foi o primeiro do mês dedicado à história do Brasil.

O diretor da EdUFSC, Waldir José Rampinelli, abriu o encontro relembrando a importância do projeto: “A editora não só faz livros, a editora procura fazer o livro chegar nas mãos das pessoas.” Também destacou a importância dos livros, principalmente diante de momentos violentos: “Repetimos incessantemente que esse país precisa de livros e não de armas. Não é à toa que os livros assustam tanta gente.” O evento seguiu com apresentação musical de Alexandre Brandalise e Oto Bezerra.

Publicado em 2019, no formato de Ebook, o livro apresentado na edição do Livro na Praça desta sexta-feira, “Literatura e Política no Estado Novo”, é o quarto título de Adriano Luiz Duarte, professor do Departamento de História da UFSC. Na presença de alunos, colegas e amigos, o autor contou que o interesse por entender a ditadura de Getúlio Vargas surgiu ainda na infância. Já na graduação, na Universidade São Paulo (USP), ele percebeu que, para tentar sanar sua curiosidade, precisaria estudar o Estado Novo.

A obra é resultado de décadas de estudo do professor. Por meio de jornais e materiais de comunicação censurados à época, Duarte decidiu estudar processos judiciais para entender como os trabalhadores viviam e operavam na época da ditadura: “O que eu queria, lendo esses processos, era encontrar os trabalhadores falando sobre suas condições de trabalho, família e lazer.”

Durante a pesquisa, Duarte encontrou o livro “Pedro Maneta”, escrito por Paulo Lício Rizzo, e se interessou pelo contexto que descobriu. Em 1942 e 1944, o então Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio instituiu prêmios para “romances e comédias para operários”. A obra de Rizzo foi uma das premiadas em 1942.

Em seu livro “Literatura e Política no Estado Novo”, Duarte organiza três títulos premiados naqueles concursos: além de “Pedro Maneta”, de Paulo Lício Rizzo, conta com a comédia “Julho, 10!”, de Leda Maria de Albuquerque e Maria Luisa Castelo Branco, também premiada em 1942, e o romance “Fundição”, de Leão de Sales Machado, premiado na edição de 1944. Além dos títulos, o livro de Duarte apresenta um estudo acurado feito pelo professor, que buscou entender desde a formulação política do Estado Novo até a representação literária, com foco nas relações de trabalho.


SINOPSE

Em 1942, percebendo que a ditadura do Estado Novo estava com seus dias contados, o governo brasileiro inicia uma série de operações de aproximação com os trabalhadores, preparando as condições para o retorno das disputas eleitorais. Os concursos literários promovidos pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (MTIC), em 1942 e 1944, foram o primeiro ato dessa aproximação. Esperava-se que as obras refletissem o projeto de criação do homem novo, do homem do Estado nacional. A questão é: a literatura e o teatro respondem mansamente aos projetos políticos que tentam manipulá-los?

Sobre o projeto Livro na Praça

Organizado pela EdUFSC, o Livro na Praça acontece às sextas-feiras, promovendo encontros entre escritores e leitores e venda de livros a preços acessíveis, na Praça Santos Dumont, em frente à entrada da universidade, no bairro Trindade, em Florianópolis. Em dias de chuva, o evento é transferido para o Teatro Carmen Fossari ou Igrejinha da UFSC.

Os encontros, que começaram em setembro, são temáticos, sendo debatido um assunto em cada mês. Em setembro, foram apresentadas obras sobre a história de Santa Catarina, e em outubro sobre a literatura do estado. Neste terceiro mês do projeto, o tema é história do Brasil. Em dezembro, será debatido jornalismo alternativo e a editora já tem previsão de estender a programação para o próximo ano.

O projeto Livro na Praça é inspirado no programa Para Leer en Libertad, que acontece há dez anos no México, conforme contou o professor Waldir José Rampinelli, diretor da EdUFSC, em entrevista para a Apufsc-Sindical. Realizado também em praças, o programa se tornou a maior distribuição de livros do mundo, com mais de 50 milhões de obras distribuídas.

Só no primeiro mês, já foram vendidos mais de 400 títulos no Livro na Praça. “Pode ser um pouco ousado, mas queremos transformar isso na distribuição de livros de Santa Catarina”, aspira o Rampinelli.

Confira a programação de novembro

Dia 11: “As duas faces da moeda – as contribuições de JK e Gilberto Freyre ao colonialismo português”
Autor: Waldir José Rampinelli

Dia 18: “A batalha de papel: a charge como arma na guerra contra o Paraguai”
Autor: Mauro César Silveira
Expositor: A ser convidado

Dia 25: “Uma ilusão de desenvolvimento – nacionalismo e dominação burguesa nos anos JK”
Autor: Lúcio Flávio de Almeida
Expositor: Nildo Ouriques

Karol Bernardi e Lais Godinho
Imprensa Apufsc