Em aula aberta, vice-reitora da UFSC fala sobre o mito da democracia racial na universidade

Atividade inaugura curso semipresencial de educação antirracista destinado a servidores da UFSC

A vice-reitora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), professora Joana Célia dos Passos, ministrou uma aula aberta sobre o mito da democracia racial na universidade. A atividade, que aconteceu na tarde desta quarta-feira, dia 2, inaugura o curso semipresencial “Educação antirracista: letramento racial para servidores da UFSC”. A diretora-financeira da Apufsc, Karine Simoni, participou representando o Grupo de Trabalho Direitos Humanos do sindicato.

Joana abriu a aula pontuando que não somos todos iguais, portanto, existe um mito da democracia racial. O objetivo da vice-reitora era conversar sobre o porquê naturalizamos determinadas práticas sociais. A resposta, explicou, é a construção de um imaginário social que define as relações: “É assim que o racismo age institucionalmente”. Para exemplificar, Joana exibiu um vídeo viral de uma campanha publicitária do Governo do Paraná que mostra um experimento social no qual dois grupos caracterizam de maneiras diferentes pessoas brancas e negras em uma mesma situação. Assista aqui.

Enquanto uma prática institucional, o racismo se mostra presente na política, nas empresas e na universidade. “A ciência não é neutra. Ela também produz racismo, sexismo e capacitismo”, pontuou Joana. Durante a sua carreira como professora e pesquisadora, Joana acumulou diversas experiências e escutou muitos relatos sobre racismo institucional na UFSC. Ela também comentou que já estuda a universidade há 11 anos.

A professora defendeu que é necessário, primeiro, perceber esse racismo institucional. Uma das formas é o conhecido “teste do pescoço”, em que olhamos para as pessoas que compõem o ambiente ao nosso redor. Uma vez que esse racismo institucional seja percebido, é preciso criar mecanismos para combatê-lo. Um desses mecanismos, defende, é a representação: “O fato de eu ser mulher negra fica muito restrito se não andar junto com um projeto social, que é o da representação coletiva.”

Atividade aconteceu no Auditório da Reitoria, com transmissão para os campi pelo sistema RNP (Fotos: Lais Godinho/Apufsc)

Sobre o curso

O curso “Educação antirracista: letramento racial para servidores da UFSC” é organizado pela Coordenadoria de Relações Étnico Raciais (Coema) da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (Proafe), em parceria com a Pró-reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas (Prodegesp). A atividade faz parte do processo de implementação da Resolução 175/CUn/2022, que aprovou a Política de Enfrentamento ao Racismo na Universidade em novembro do ano passado.

Inicialmente, foram abertas 120 vagas para o curso, mas, devido a alta procura, já são 140 servidores inscritos de todos os campi. Destes, 53 são docentes.

Lais Godinho
Imprensa Apufsc