Levantamento destaca pioneirismo do vestibular da UFSC na inclusão de autores negros e de mulheres

Autoras como Conceição Evaristo e Maria Firmina dos Reis são citadas como exemplos de leturas obrigatórias para a prova

Uma reportagem de Nicholas Pretto e Walter Porto para a Folha de S. Paulo detalha um levantamento que coloca a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) entre as duas principais universidades brasileiras a incluir obras de escritoras nas leituras obrigatórias para o vestibular, junto com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Autoras como Conceição Evaristo e Maria Firmina dos Reis são citadas como exemplos de leituras obrigatórias no vestibular da UFSC e que incentivaram, nos últimos anos, não só o resgate de obras de mulheres como também de pessoas negras no mercado editorial nacional.

O levantamento feito pela Folha é inédito e é baseado no histórico de todas as leituras obrigatórias já exigidas pelas universidades públicas mais bem qualificadas no ranking universitário elaborado pelo jornal, o RUF. Das dez universidades nas posições mais altas, só cinco solicitam obras literárias específicas aos inscritos e foram analisadas — além da UFSC e da UFRGS, a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR). A maior parte das outras universidades no topo do ranking usa como método primário de ingresso o Enem, uma prova sem lista própria de leituras.

A UFSC e a UFRGS já atingiram a paridade, ou seja, 50% das autoras selecionadas são mulheres. A Folha aponta que a UFSC foi a primeira do Brasil a atingir esse patamar, em 2017, quando também foi a primeira a incluir uma autora negra na seleção de leituras obrigatórias, com “Olhos d’Água”, de Conceição Evaristo.

A reportagem ouviu Manoel Teixeira dos Santos, coordenador pedagógico da Comissão Permanente do Vestibular da UFSC (Coperve), que afirmou que a paridade de gênero é deliberada na seleção. Para a Agência de Comunicação da UFSC, Manoel também salientou a adoção de novos gêneros literários, como roteiro de filme, adotado no vestibular de 2024.

“São estratégias muito conectadas com o que se discute hoje, na BNCC [Base Nacional Comum Curricular] de Língua Portuguesa, e a possibilidade de interagir essas obras com as várias demais áreas do conhecimento dentro da prova. Aproximamos a leitura dos alunos também pelos podcasts e outras linguagens”, acrescenta.

::: As obras literárias de leitura obrigatória para o Vestibular Unificado UFSC / IFSC / IFC são revisadas em uma série de episódios do podcast Vou pra UFSC

Fonte: Notícias UFSC