No CCB da UFSC, professores pagam conserto de aparelhos de ar-condicionado com recursos próprios para viabilizar atividades

Coordenadora do Laboratório de Imunologia Aplicada à Aquicultura explica que foi a única saída, já que o local abriga equipamentos que requerem uma temperatura amena

Na tarde de sexta-feira, dia 15, a Comissão de Trabalho do Conselho de Representantes (CR) da Apufsc-Sindical visitou o departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética (BEG) do Centro de Ciências Biológicas (CCB) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Segundo a professora Luciane Maria Perazzolo, seus alunos têm feito algumas aulas de laboratório sem jaleco – um equipamento de proteção individual (EPI) utilizado por biossegurança -, por conta do calor nas salas em que o ar-condicionado não funciona. No departamento de BEG, os três laboratórios de ensino estão com problema nos aparelhos.

Jaleco é EPI nos laboratórios, mas alunos têm sido liberados do uso devido ao calor extremo (Foto: Karol Bernardi/Apufsc)

Já nas salas do Laboratório de Imunologia Aplicada à Aquicultura (LIAA), que Luciane coordena junto com Rafael da Rosa, os oito aparelhos de ar-condicionado foram consertados com dinheiro desembolsado por eles próprios. Sem verba de pesquisa, a dupla gastou cerca de R$ 4 mil. Luciane explica que foi a única saída, já que o local abriga equipamentos que requerem uma temperatura amena.

Laboratório sem ar-condicionado no CCB (Foto: Karol Bernardi/Apufsc)

Professora na UFSC desde 2006, Luciane conta que a manutenção dos aparelhos foi solicitada ainda no ano passado. “Não é de agora isso e chegou num ponto insustentável, porque faz mal pra saúde da gente, dos alunos. Como vai dar aula de guarda-pó? Um dia você pode tirar, mas daí você não pode fazer as práticas”, explica a professora, que está preocupada que a situação continue igual nos próximos meses.

Professores Raphael da Hora e Ubirajara Franco Moreno visitaram o CCB (Foto: Karol Bernardi/Apufsc)

Durante a visita da Comissão aos laboratórios, outra professora enfrentava o mesmo problema na sala ao lado. Ela conta que também precisou dispensar o uso de jalecos naquela aula por conta do calor. Segundo a docente, o ar-condicionado até funciona no laboratório, mas não pode ficar ligado, porque a água goteja em cima dos computadores.

A Camissão de Trabalho do CR da Apufsc é composta pelo presidente do sindicato, José Guadalupe Fletes, pela secretária-geral Viviane Heberle, e pelos professores Raphael da Hora, Ubirajara Franco Moreno e Rodrigo Moretti.

Cupins e outros problemas

Além dos problemas com ar-condicionado, a professora acrescenta que a maioria das portas está infestada de cupins, os tetos têm mofo e, em alguns banheiros, não há pias. A manutenção dos microscópios também não é feita há anos por falta de servidor técnico especializado, segundo a professora Luciane. Para ela, toda a situação que a universidade enfrenta causa aos docentes desânimo e sobrecarga.

Mais de 300 equipamentos de ar-condicionado precisam de manutenção na UFSC

Em reunião da Reitoria da UFSC com diretores de centros de ensino no início de março, o tema principal foi a manutenção dos aparelhos de ar-condicionado. O prefeito universitário, Hélio Rodak, informou que um levantamento detectou que existem 314 aparelhos instalados em salas de aula e laboratórios de ensino que necessitam de manutenção corretiva. Na ocasião, Rodak disse que “a UFSC conseguiu viabilizar a carona em uma ata de registro de preços do 19º Batalhão de Infantaria Motorizado do Exército. Já há concordância do órgão público e interesse manifesto da empresa prestadora do serviço em atender a UFSC”.

A secretária de Planejamento e Orçamento, Andréa Trierweiller, informou que autorizou a alocação de R$ 210.948,42 para o processo de adesão à ata. A expectativa da gestão é de que a empresa começasse trabalhos em meados de março, já com as aulas em andamento, conforme a UFSC.

No entanto, na última sexta-feira, dia 15, a Prefeitura Universitária emitiu um ofício circular às unidades acadêmicas e administrativas em que afirma que a greve dos técnico-administrativos em educação (TAEs) impactou “as rotinas de aquisição, gerenciamento e instalação dos materiais necessários aos serviços de manutenção predial e de equipamentos”. O ofício diz ainda que “deste modo, uma parte de nossos serviços de manutenção poderá não ser atendida. Para a parte que conseguirmos prestar atendimento, haverá um aumento no tempo de resposta. Durante este período, priorizaremos os serviços que impactam diretamente na segurança da comunidade”.

Karol Bernardi
Imprensa Apufsc