Os 50 anos da UFSC, a humilhação na aposentadoria e Stephen Hawking

A UFSC comemora, este ano, os seus 50 anos e seu selo comemorativo estampa os dizeres “Produzindo conhecimento para um mundo melhor” e, nesta terça feira, recebemos na Apufsc um professor que contribuiu muito para que, além da sua beleza semântica, estes dizeres tivessem algum significado.

Um Pesquisador Sênior do CNPq, agora com mais de 70 anos, aposentado por problemas de saúde, mas com mais de 200 artigos em bons periódicos e mais de 2.000 citações que demonstram a qualidade científica do seu trabalho. Além disso, um ganhador de prêmios só concedidos a pesquisadores que apresentam produção científica de alto destaque e excelência em nível mundial.

E este nosso colega, merecedor de todo o nosso respeito, chorou diante de nós.

Sofreu a humilhação de encontrar a sua sala com a fechadura trocada por ordem institucional, impedindo-o de chegar aos seus livros, ao seu computador ao seu telefone… e à sua vida.

A humilhação e a falta de reconhecimento deixou-lhe mudo e suas palavras acabaram em lágrimas.

À época em que foi aposentado por problemas de saúde,  sua solicitação  como Professor Voluntário não foi aceita porque um Procurador feito médico, apontando-lhe um artigo de uma lei escrita por juristas que pouco entendem o que é uma Universidade e a paixão que move um Professor e que o faz viver, diagnosticou que ele precisava de uma outra vida, “tranquila” longe dos seus livros, de seus alunos e de seus colegas.

E sentenciou-o à morte.

Condenou-o à morte como uma receita de saúde.

Como se a condição de “voluntário”,  não fosse por si só uma grande humilhação.

Em boas universidades de grandes países, Professores com estes méritos viram Eméritos, que, por lá não é apenas um título, mas que significa além do reconhecimento um salário e, sobretudo…dignidade.

Por aqueles lados,  se Cambridge agisse como a UFSC, Stephen Hawking com 68 anos e vítima de esclerose amiotrófica não estaria hoje ocupando a cadeira que foi de Newton, aposentado que seria por invalidez permanente aos 40 sem direito a nada, a não ser o de uma vida “tranquila”.

Por aqui falta reconhecimento, quando a autoridade institucional, feito jurista, decide por fim à teimosia e à insistência de alguém que só quer continuar a poder respirar os seus colegas, os seus alunos e os seus livros e a continuar “produzindo conhecimento…para um mundo melhor”…como são os dizeres em nosso selo.