UFSC discute percentual de cotas para o próximo vestibular

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) começou a definir o percentual de cotas que irá adotar no próximo vestibular e admite mudanças em relação ao último concurso, quando reservou 30% das vagas para as cotas. As discussões serão feitas com base nos dados que revelaram quantos cotistas passaram e fizeram a matrícula.

O levantamento elaborado pela Pró-Reitoria de Graduação mostrou que, das 608 vagas do último vestibular reservadas a negros vindos de escolas públicas, 250 foram preenchidas. Já entre os estudantes que entraram por cotas com critérios de renda e étnico-raciais, mais de 90% fizeram a matrícula. Antes, eles precisaram apresentar documentos comprovando a condição socioeconômica, examinados por uma banca específica.

Sobre o baixo número de matrículas entre os alunos negros de escolas públicas, a pró-reitora de Graduação, Roselane Campos, acredita que ele é um reflexo da realidade que este grupo enfrenta:

— Mostra a pouca presença dos negros na escola. Eles vivem um processo de exclusão tão grande, que não conseguem chegar ao ensino médio. Então por esse motivo o preenchimento das vagas foi inferior entre esse grupo — declarou.

Os dados de ingresso e matrícula serão apresentados à Câmara de Graduação, depois debatidos nos centros de ensino com a participação de diretores, professores e estudantes. A discussão termina no Conselho Universitário — um grupo formado por professores, servidores, estudantes e representantes da comunidade — que vai bater o martelo sobre o percentual de cotas a ser adotado no próximo vestibular. A definição deve ocorrer até julho ou agosto.

O debate é pautado pela lei federal sancionada no ano passado que determina que as instituições federais reservem 50% das vagas a alunos que estudaram o ensino médio em escolas públicas. O prazo para adequação vai até 2016. Entre os 30% de vagas adotadas no último vestibular da UFSC, 10% foram destinadas para negros e 20% já seguiam as regras da nova lei. De acordo com a pró-reitora, este índice deve aumentar para que a universidade fique mais próxima de cumprir a legislação.

Apesar desta alteração, Roselane não sabe o que pode acontecer com a porcentagem destinada a alunos negros. Em consequência, ainda não é possível afirmar se a universidade irá aumentar o percentual total de reservas de vagas.

A LEI

— De acordo com a lei 12.711de 29 de agosto de 2012, 50% das vagas serão reservadas para estudantes que concluíram o ensino médio em escolas públicas

— O prazo para adequação à nova legislação vai até 2016

DAS VAGAS RESERVADAS

— metade serão destinadas a estudantes com renda mensal familiar igual ou inferior a 1,5 salário mínimo per capita.

— metade para estudantes de escolas públicas com renda familiar superior a 1,5 salário mínimo per capita.

— Nos dois casos, também será levado em conta percentual mínimo correspondente ao da soma de pretos, pardos e indígenas no Estado, de acordo com o último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que, em Santa Catarina, corresponde a 16%.

— No último vestibular, a UFSC reservou 30% do total de vagas para os cotistas, sendo que, dentro deste percentual, a distribuição de 20% das vagas seguiu as mesmas regras da lei e 10% foram destinadas para negros.