Criação da Apufsc surgiu de encontros informais de professores da UFSC

Apufsc-Sindical – Professor, como surgiu a ideia da criação da Apufsc?

Hamilton Schaefer – A ideia surgiu pelo fato que os professores não tinham uma forma de se reunir. Na ocasião, nós estávamos no vestibular. Nos reunimos na Lagoa da Conceição pra comemorar, e pensamos como seria interessante estarmos reunidos com professores de outras áreas e que devíamos fazer mais vezes. Começou a surgir a ideia de termos uma entidade que congregasse os professores. Passou um ano em que não aconteceu nada, mais um vestibular, mais uma reunião. Então se concluiu que tinha que ser feita uma associação, porque a gente começou a ver a pauta e as necessidades que existiam para o professor. Eu e o Carlos Alberto Correa resolvemos fazer a convocação. Então fizemos uma convocação e mandamos a todos os professores, naquela época deviam ter uns 800 professores e compareceram 165. E uma coisa importante é o seguinte: ninguém foi “prato feito”. Nós fomos lá numa reunião pra debater a criação de uma associação, assim, sem nada preparado. Foi uma coisa espontânea. Então foi assim que foi fundada a associação. Foi criada uma comissão provisória para fazer os estatutos, decidir quais os objetivos e como deveria ser mais ou menos organizado. Fizemos várias reuniões, pra fazer um estatuto enxuto, que não ficasse todo amarrado. Houve uma preocupação de como seria o orçamento da associação. Lembro que o professor Telmo Ribeiro do CCJ e disse: “olha, vou explicar pra você que orçamento é uma coisa muito simples, a associação não pode gastar mais do que tem, mas tem que gastar tudo que tem”. Ou seja, não era pra entesourar, a arrecadação da associação devia garantir o custeio do seu funcionamento, dos serviços prestados ao professor.

AS – Qual a vinculação política da associação na época?

HS – Uma associação não pode estar vinculada a partido político, é evidente que todos nós somos políticos na nossa maneira de ser. Mas uma coisa é a política partidária e uma entidade de professores deve buscar o interesse, primeiro do professor, depois da Universidade onde estamos inseridos e da comunidade. Mas nunca pode deixar de atender aos objetivos e aos anseios da classe que ela representa, isso é fundamental.

AS – Naquela época, quais eram as principais demandas dos professores?
HS – Reajustes salariais, plano de carreira, assistência médica, local de encontro, valorização do professor, examinar as condições dentro da Universidade, a participação política dentro da Universidade. Naquela época, ninguém era convocado para examinar a Universidade e, inclusive, pra ajudar a manter um relacionamento entre os professores.

AS – O senhor ficou quanto tempo na Presidência?

HS – Eu fui o primeiro presidente em 1975. Fiz uma proposta para que o mandato fosse de dois em dois anos. Criamos uma sede a partir de uma área abandonada, fizemos uma boa reforma e um ambiente agradável. Queríamos tirar a ideia de que o cafezinho do professor tinha que ser num cantinho, embaixo de uma escada. Nós valorizamos o professor, para mostrar que queríamos ser valorizados.

AS – Como o senhor vê a trajetória da Apufsc nesses 38 anos?
HS – Foi boa, porque mexeu com a Universidade. Ela foi defendendo o professor, passamos por várias lutas, por exemplo: a URP e o Plano Bresser. Foram coisas que complicaram a vida do professor, e a associação foi um instrumento poderoso para lutar pelos nossos direitos. A Apufsc sempre representou o interesse do professor e todas as diretorias têm o meu reconhecimento. Quando foi preciso, a Apufsc atuou. Há períodos mais mornos, mas se o problema surge, a associação se reÚne e cumpre o seu papel.

AS – Como o senhor viu, politicamente, a desvinculação do Andes?
HS – Acho que foi importante. Acho que uma entidade de professores de uma universidade tem que ter autonomia, sem subordinação. Acho que a Apufsc está bem encaminhada. Eu sempre me senti representado nos meus direitos.

AS – Que análise o senhor faz dos erros e dos acertos da Apufsc?
HS – Eu teria que estar mais próximo para observar, mas está no caminho certo. Não teria uma crítica. Acredito que hoje ela está na mão de pessoas capazes, que trilharam um caminho para chegar ali, têm visão do que é importante. Espero que nunca seja vinculada à política partidária, porque atrapalharia uma entidade como a Apufsc. Acho que o Sindicato foi fundamental pra mudar o cenário político dentro da universidade, pra mudar a cara da universidade. Essa participação dos professores na universidade foi devido à Apufsc