Docentes do campus da UFSC em Curitibanos reclamam das condições de trabalho

Os professores do campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em Curitibanos pedem providência à Administração Central sobre as precárias condições de trabalho que estão tendo que se submeter. Num documento que será encaminhado a Reitoria, os docentes filiados ao Sindicato dos Professores das Universidades Federais de Santa Catarina (Apufsc-Sindical) relatam uma série de problemas enfrentados no dia a dia na unidade.

Segundo eles, faltam recursos humanos para o suporte das atividades docentes. A maioria dos professores lotados no campus atuam também como técnicos de laboratório e de campo para viabilizar as aulas. Eles trabalham na organização das aulas práticas, como também na limpeza do material e do laboratório. Existem no campus quatro técnicos de laboratório, dois destes técnicos estão lotados na área de química e dois na área biológica. “Se for considerado que existem no prédio do campus 11 laboratórios em funcionamento com cerca de 10 horas de atividades acadêmicas por dia em cada laboratório, pode-se verificar que ocorrem 110 horas de atividades acadêmicas por dia. Considerando que cada técnico trabalha oito horas por dia, há uma demanda de 14 técnicos de laboratório. Por isso, o trabalho dos 10 técnicos que faltam está sendo feito pelos professores”, denuncia o documento.

Os professores reclamam também da falta de espaço para trabalhar. Atualmente o campus conta com 56 docentes, distribuídos em 16 salas, com uma média de 3,5 professores por sala. “Se descontarmos as estações de trabalho, cada professor tem cerca de 2 m2 para trabalhar, guardar seus livros, provas e documentos. Esta situação é particularmente grave, pois tem prejudicado significativamente o atendimento extraclasse dos alunos. Também não há salas para a coordenação dos cursos, o que implicará em uma avaliação negativa dos cursos perante o Ministério da Educação. Além disso, vale ressaltar que as referidas salas não possuem climatização. Por isso, os professores compraram, com recursos próprios, ventiladores e aquecedores, embora as instalações elétricas do prédio não suportem integralmente a carga destes equipamentos”, relatam.

“Ao mesmo tempo em que as dificuldades existem, cabe ressaltar que esforços que geram resultados de superação são alcançados. Atualmente, segundo o levantamento apresentado no subprojeto encaminhado à comissão interna do CT-Infra, os professores do campus já aprovaram cerca de R$ 3 milhões em projetos de agências de fomento. Vale lembrar que, no que diz respeito a equipamentos, a UFSC tem atendido à maioria dos pedidos feitos e tem dado boa resposta de contrapartida. Porém, aproveitamos a oportunidade para enfatizar que haverá cobranças das instituições de fomento. Neste aspecto a falta da contrapartida da UFSC em relação à infraestrutura afetará, talvez de forma irremediável, a execução dos projetos aprovados. Associado a isso, os professores, incentivados pela Administração Central em visitas realizadas pelos pró-reitores de pesquisa e pós-graduação, tem preparado dois projetos de cursos de pós-graduação. Estes projetos contam, ou pode-se dizer, contavam com infraestrutura para serem viabilizados. Com os atrasos verificados nos cronogramas propostos pela própria UFSC, questiona-se se realmente devemos propor programas de pós-graduação. E passar a considerar que os docentes que atuam no campus, terão suas carreiras comprometidas de forma irreparável, uma vez que, não atuam e nem atuarão em programas de pós-graduação, fundamentais para a completa verticalização do ensino, pesquisa e extensão no âmbito universitário” afirmam os docentes.

No documento, eles concluem “que as condições de trabalho dos professores da UFSC no campus não são adequadas e os resultados disso estão influenciando efetivamente a formação dos estudantes e comprometendo a carreira acadêmica dos mesmos. Ressalta-se que a falta de infraestrutura adequada e de recursos humanos para os cursos de graduação implicarão em avaliações negativas do Ministério da Educação”.

Para a Apufsc-Sindical, “é preocupante o não cumprimento dos compromissos da Administração Central junto ao campus de Curitibanos e agrava-se esta preocupação pelo fato de não haver planejamento para solucionar os problemas a curto ou médio prazo. E lembra que a comunidade comemorou a instalação da UFSC na região. Mas o pleno atendimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão está comprometido. A falta de condições para atendimento do tripé universitário é evidente. Constitui-se em uma irresponsabilidade continuarmos alimentando expectativas de estudantes e da comunidade para com a execução de atividades contando apenas com a vontade e superação dos profissionais que atuam na unidade”.

“Vale lembrar que muitos dos problemas relatados são consequência da falta de uma continuidade de administração do campus, tendo passado quatro administrações diferentes em menos de cinco anos. Além disso, enfatiza-se que isso sempre foi inteira responsabilidade da Administração Central, que nunca viabilizou a ocorrência de um processo democrático no campus para a escolha da administração. Agrava-se esta situação pelo fato de que três administrações que o campus teve não foram compostas por membros do campus. Da mesma forma, verifica-se que o campus de Curitibanos tem sido tolhido do direito de ser parte da UFSC, uma vez que não participa das decisões desta Universidade. Considerando as questões colocadas, os docentes sindicalizados à Apufsc-Sindical vêm, por meio deste documento, alertar a direção central da UFSC sobre a eminente estagnação das atividades realizadas em Curitibanos, devido a total falta de condições de trabalho e à impossibilidade de atender adequadamente o ensino, a pesquisa e a extensão em nosso campus. Além disso, é nossa responsabilidade prestar contas à sociedade das condições em que se encontra o projeto UFSC campus Curitibanos”, finaliza o documento