Projeto Livro na Praça apresenta obra sobre colonialismo no segundo encontro do mês

“As duas faces da moeda: as contribuições de JK e Gilberto Freyre ao colonialismo português” é de autoria de Waldir Rampinelli, professor de história e coordenador do projeto

Aconteceu nesta sexta-feira, dia 11, na Igrejinha da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mais uma edição do projeto Livro na Praça. Convidado da noite, Waldir Rampinelli falou sobre a obra “As duas faces da moeda: as contribuições de JK e Gilberto Freyre ao colonialismo português” e a função do historiador de “jogar luz à escuridão”. O evento é uma iniciativa da Editora UFSC (EdUFSC) e neste mês os títulos apresentados atravessam a história do Brasil. O reitor Irineu Manoel de Souza esteve presente no encontro.

Ao abrir o evento, Rampinelli, que também é diretor da EdUFSC, lembrou que o objetivo do projeto Livro na Praça é fazer o livro chegar em todo o lugar. “A universidade tem um papel fundamental na sociedade. Por isso, a editora, dentro desse espírito da universidade necessária, faz toda sexta-feira um encontro entre o escritor e o leitor”, destacou.

Para conectar o escritor e o leitor, todo encontro conta com a apresentação musical de um convidado. Nesta sexta-feira, o Quarteto Brasil-Portugal foi o responsável por unir música e poesia. Comandado pelo professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSC, Marcos Valente, o grupo tocou em seu reportório uma composição do fado, estilo musical que conversa com a temática do livro de Rampinelli.

Lançado em 2004, “As duas faces da moeda: as contribuições de JK e Gilberto Freyre ao colonialismo português” está ao lado de outros quatro títulos publicados pelo professor do Departamento de História da UFSC. Nela, Rampinelli busca desvendar dois mitos da história do Brasil: um na política, Juscelino Kubitschek, e outro nas ciências sociais, Gilberto Freyre. “Um mito é sempre antipolítico. Então a função do historiador é jogar luz onde tem sombra e tanto na história de JK, quanto na de Freyre há sombras.”

Na presença de amigos, colegas e alunos, Rampinelli explicou sobre o contexto histórico, cultural, ideológico e religioso que as figuras do livro estão inseridas. “Esses dois ilustres conhecidos do Brasil, muito reverenciados, deram uma contribuição muito grande para que o colonialismo português fosse um dos últimos a terminar no mundo. Colonialismo esse que deixou rastros de sangue na África e na Ásia”, declarou.

SINOPSE

Este livro trata das relações entre os governos de Juscelino Kubitschek e Oliveira Salazar. A sagacidade e a cooptação da longeva ditadura portuguesa levaram um presidente democrata brasileiro a apoiar a tese de que Portugal começava no Minho e terminava no Timor. Razões diversas, expostas neste trabalho, explicam as intervenções da diplomacia brasileira na defesa da manutenção do status quo colonial lusitano. Por sua vez, o sociólogo Gilberto Freyre, com a teoria “luso-tropicalista”, também colaborou para o estreitamento das relações entre os dois países, dando um caráter civilizatório às conquistas ultramarinas de Lisboa. Suas teses caíram como uma luva para a ditadura salazarista, sendo largamente utilizadas na formação da elite administrativa das colônias. Escrita em linguagem envolvente, esta obra de Waldir José Rampinelli expõe a história oficial contemporânea à luz de novas verdades. O livro pode ser adquirido aqui.

Sobre o projeto Livro na Praça

Organizado pela EdUFSC, o Livro na Praça acontece às sextas-feiras, promovendo encontros entre escritores e leitores e venda de livros a preços acessíveis, na Praça Santos Dumont, em frente à entrada da universidade, no bairro Trindade, em Florianópolis. Em dias de chuva, o evento é transferido para o Teatro Carmen Fossari ou Igrejinha da UFSC.

Os encontros, que começaram em setembro, são temáticos, sendo debatido um assunto em cada mês. Em setembro, foram apresentadas obras sobre a história de Santa Catarina, e em outubro sobre a literatura do estado. Neste terceiro mês do projeto, o tema é história do Brasil. Em dezembro, será debatido jornalismo alternativo e a editora já tem previsão de estender a programação para o próximo ano.

O projeto Livro na Praça é inspirado no programa Para Leer en Libertad, que acontece há dez anos no México, conforme contou o professor Waldir José Rampinelli, diretor da EdUFSC, em entrevista para a Apufsc-Sindical. Realizado também em praças, o programa se tornou a maior distribuição de livros do mundo, com mais de 50 milhões de obras distribuídas.

Só no primeiro mês, já foram vendidos mais de 400 títulos no Livro na Praça“Pode ser um pouco ousado, mas queremos transformar isso na distribuição de livros de Santa Catarina”, aspira o Rampinelli.

Confira a programação completa do projeto Livro na Praça

NOVEMBRO | História do Brasil

Dia 18 – A batalha de papel: a charge como arma na guerra contra o Paraguai
Autor: Mauro César Silveira
Expositor: Luiz Felipe Zimmermann

Dia 25 – Uma ilusão de desenvolvimento – nacionalismo e dominação burguesa nos anos JK 
Autor: Lúcio Flávio de Almeida
Expositor: Nildo Ouriques

DEZEMBRO | Jornalismo Alternativo

Dia 2 – Líricas: a palavra amorosa do cotidiano
Autora: jornalista Elaine Tavares

Dia 9 – A rebelião do vivido no jornalismo independente de Florianópolis
Organizadora: Miriam Santini de Abreu
Expositora: jornalista Paula Guimarães

Dia 16 – Falsa compreensão do que seja mídia independente
Expositora: jornalista Rosângela Bion de Assis

Imprensa Apufsc