Na primeira edição do semestre, Livro na Praça discute Plano Diretor de Florianópolis

Lino Peres e Raphael Grazziano, professores de arquitetura da UFSC, debateram sobre a cidade

Com o início do segundo semestre letivo de 2023 na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o projeto Livro na Praça, da Editora da UFSC (EdUFSC), também retomou as atividades. Em edição realizada na última sexta-feira, dia 11, Lino Peres e Raphael Grazziano, professores de Arquitetura da UFSC, debateram os Planos Diretores de Florianópolis a partir da obra “Reconstruindo paisagens: desafios socioespaciais para a Grande Florianópolis“, assinada também por outros docentes. O evento teve apresentação musical de Jéferson Silveira Dantas com a temática cidade.

Grazziano abriu o debate apresentando a história de Florianópolis. Ele se mudou para a capital catarinense em 2021, quando se tornou professor na UFSC, e ressaltou que tudo que sabe sobre a cidade leu em obras como as do professor Lino Peres. “Os planos operam com o máximo produto possível. Coisas que deveriam ser um absurdo, como a urbanização de Balneário Camboriú, se tornam modelo”, explicou Grazziano, que critica que o que é feito nos Planos Diretores de Florianópolis não são planejamentos, mas alavancagem de investimentos imobiliários. “É o que aconteceu lá [Balneário Camboriú], e o que aconteceu com o nosso novo Plano Diretor”, afirma.

Professor aposentado da UFSC e ex-vereador de Florianópolis, Lino Peres acompanha as discussões sobre Planos Diretores desde o fim da década de 1970, quando ingressou na universidade. Citando o professor de Engenharia Civil e também político Elson Pereira, Lino diz que existem duas cidades em disputa: a cidade de mercados e a cidade de direitos. “Plano Diretor é uma luta sempre em movimento”, defende.

Evento aconteceu na Igrejinha da UFSC (Fotos: Lais Godinho/Apufsc)

Para o professor Lino, o Plano Diretor deve considerar como a população já usa a cidade e como melhorá-la para essa população, considerando também as especificidades físicas de cada lugar. Em Florianópolis, por exemplo, há dunas, encostas e dois grandes aquíferos, no Santinho e no Campeche. Em vez disso, o que tem acontecido na história é importar modelos de outras cidades brasileiras e do exterior. A solução, indica o professor, é a construção participativa, metodologia recente na história do Brasil. “Tem dificuldade ainda, e essa é a nossa luta aqui”, afirma.

Lino Peres destacou também a importância para a cidade de iniciativas como o Livro na Praça e a Universidade na Praça. “[Esses projetos] levam o sonho que é realmente fazer uma universidade que pensa com a sociedade. É importante construirmos juntos o conhecimento.”

Lais Godinho
Imprensa Apufsc