Ativista indígena e estudante da UFSC é criador de produto pioneiro: uma enciclopédia de seu povo

Jucelino de Almeida Filho fundou neste ano o Portal de Saberes, site inovador que reúne toda a história e cultura da comunidade Laklãnõ-Xokleng. Ele agora quer nacionalizar o projeto, conforme reportagem do Estadão

Quando Jucelino de Almeida Filho, de 27 anos, saiu da terra catarinense onde foi criado com toda a cultura Laklãnõ-Xokleng para seguir seu sonho de cursar jornalismo em uma universidade federal, em 2018, na UFSC, ele já tinha um objetivo em mente: resgatar a história de sua comunidade indígena. Quatro anos depois, surgiu o Portal de Saberes, um site pioneiro no Brasil que não só traz toda a memória do povo, como reúne trabalhos artísticos e acadêmicos em muitas plataformas diferentes.

Nascido em São Paulo e registrado no município de José Boiteux, no interior de Santa Catarina, o paulistano carrega em seu sangue a ascendência de sua mãe e avós. Criado junto aos Guarani e Kaingang e às aldeias Bugio, Coqueiro, Figueira, Kóplág, Palmeiras, Pavão, Plipatól, Sede, Takaty e Toldo, leva consigo a resistência do povo Laklãnõ-Xokleng, que sofreu um grande massacre em 1904, quando bugreiros – como eram chamados os matadores de indígenas no Vale do Itajaí – exterminaram todos que lá viviam.

Jucelino em entrevista à imprensa no dia do lançamento do Portal de Saberes (Hans Denis/Estadão) 

A ideia do Portal de Saberes foi ficando mais forte à medida que o paulistano se aprofundava na reportagem em vídeo e produzia pequenos documentários. Em 2019, ele conheceu a cineasta Bárbara Pettres, que o procurou para produzir um filme na terra Laklãnõ-Xokleng, sobre sua história, para o Prêmio Catarinense de Cultura.

“Veio a ideia do edital e ela me perguntou o que eu queria levar para a comunidade. Eu disse que queria criar uma mídia que mostrasse tudo que tivéssemos de bom, tudo que produzíamos de conhecimento”. Inicialmente, a ideia era reunir informações sobre todos os povos de Santa Catarina, mas os recursos financeiros eram escassos. Então, focaram em José Boiteux.

Segundo ele, o portal foi bem visto também por professores não indígenas: “Os docentes de jornalismo da UFSC ficaram surpresos e adoraram, passaram para muitas pessoas”. E não demorou muito para que começasse a chegar em outros estados. “Foi apresentado em Brasília, São Paulo, Florianópolis e Chapecó”, lista o estudante.

Leia na íntegra: Estadão