Um apelo à vida

Confira o texto lido no dia 7 de abril pela diretoria da Apufsc no ato público realizado na Escadaria da Catedral Metropolitana de Florianópolis

O Dia Mundial da Saúde, neste 2021, marca a luta mundial contra a Covid que completou, no mês passado, um ano de PANDEMIA, em todo o planeta.

Nossa CASA COMUM, definição tão apropriada e carinhosa que o Papa Francisco utiliza para se referir ao Planeta Terra, nunca foi tão afetada por um agente natural, de forma tão abrangente, atingindo quase todos os países, em todos os continentes, por longos meses e ainda sem que se vislumbre o seu término.

Pessoas estão perdendo a vida, perdendo os irmãos, perdendo os pais, perdendo os avós que perdem os filhos e perdem os netos. 

Não existe mais ninguém, arriscamos a dizer, que não conheça alguém que tenha perdido a vida para o coronavírus.

Cada uma destas cruzes hoje aqui, representa uma vida perdida. Representa um nome, uma história de vida interrompida. Porém, estas 50 cruzes não escondem as 336.900 outras cruzes espalhadas por todo o país. São o impressionante e trágico número das pessoas que sucumbiram, todas histórias de vida interrompidas, até o dia de ontem.

Entretanto, a grande questão desta pandemia é que além das mortes, inesperadas e tão numerosas, é que ela NÃO é igual em todos os países.

Quem mora na Nova Zelândia não morre de Covid, não precisa mais se isolar e nem usar máscaras. Quem mora no Vietnam, em Israel ou em Cuba, na Noruega ou na China, no Timor Leste ou nos Açores, tem um risco muito pequeno de ser contaminado por este vírus letal.

Os países Europeus, em geral, que tiveram muitas mortes e muitos casos, hoje em dia, estão com números de casos e de mortes muito menores do que o Brasil.

Até mesmo os Estados Unidos que ainda possuem o maior número de casos e de mortes entre todos os países do mundo, já conseguiram controlar a situação e estão com menos casos novos e menos mortes nos últimos meses do que no Brasil.

É isso mesmo, o nosso Brasil, país de 212 milhões de habitantes, o maior e mais populoso país da América Latina, o quinto maior do planeta e o sexto mais populoso, país que já foi a quinta economia (hoje é a 12), é o país onde a Pandemia da Covid mais mata pessoas neste ano de 2021. A cada 10 mortes no mundo hoje, 4 são vidas de brasileiros perdidas.

Por que tem que ser assim? Por que nós brasileiros, pessoas tão boas, tão alegres, tão amantes da vida, tão religiosas, tão reconhecidas pelo mundo inteiro por sermos um povo pacífico e acolhedor, somos o povo mais sofrido, mais abatido e mais afetado por esta pandemia. Por quê?

A notícia pior ainda não é esta, mas sim a de que a situação vai piorar muito. Vamos perder muito mais vidas ainda, caso nossos governantes, caso os poderes que mandam no país, nos estados e nas cidades não mudem a suas políticas de combate à pandemia.

Precisamos de medidas duras, urgentes e articuladas. Precisamos que a maioria de população seja conscientizada e seja motivada para defender a vida.

Os países citados acima, onde a pandemia está controlada hoje, todos eles fizeram pequenos ou grandes sacrifícios.  Alguns, fecharam tudo por apenas 6 semanas, no momento certo. Testaram a população e acompanharam todos os casos positivos. E hoje colhem os frutos.

No Brasil, até hoje, tudo foi desarticulado, foram acertos isolados, esforços neste e naquele estado, neste e naqueles municípios. O Governo Federal, que deveria ser o grande articulador e centralizador do combate a pandemia negou, errou suas previsões e negligenciou e inverteu ações decisivas. Tudo isso precisa mudar e de forma urgentíssima.

Os governos nas suas três esferas, federal, estadual e municipal, os poderes públicos, executivo, do presidente da república aos prefeitos; legislativo, dos senadores aos vereadores, judiciário, das comarcas ao STF, todos devem ser cobrados. Todos devem fazer sua parte, numa única direção.  Executivo e legislativo foram eleitos para trabalhar para o povo e pelo povo, para defender e promover a vida e a saúde da população e não a sua morte. 

O discurso de defesa pura e simples da economia não cabe mais, não cobre mais o tanto de caixões acumulados, o tanto de cruzes erguidas. Hoje, trazemos 50 cruzes num chamado simbólico para evitar que cheguemos a 500 mil delas antes de junho, caso nada seja feito. 

Se os governos, articulados entre si e com apoio da sociedade organizada, fizerem grandes campanhas de publicidade de forma correta, anunciando as verdades da ciência e explicando como e porque fazer o que tem que ser feito, todos os dias, ostensivamente, em rádio, televisão, internet, outdoors, em todas as mídias, para atingir a consciência do povo.

Precisamos de um Lockdown de três semanas.

Precisamos testar mais e isolar os casos positivos.

Precisamos vacinar muito mais pessoas e muito mais rapidamente.

Precisamos fortalecer o Sistema Único de Saúde, o nosso tão glorioso e ao mesmo tempo tão combalido SUS, ampliando, capacitando e valorizando toda a sua rede de profissionais.

E, até conseguir vacinar mais de 70% da população, precisamos aumentar o uso de máscaras, usá-las de forma correta de material correto, aumentar o índice de distanciamento social e melhorar a qualidade da higiene das mãos.

Somente assim, a nossa luta contra a Covid será vencedora.

Diretoria da APUFSC
Gestão 2020-2022

Florianópolis, 07 de abril de 2020.