Grupo de pesquisa da UFSC sugere medidas atenuantes ao binário proposto pela Prefeitura de Florianópolis

Gipedu propõe ainda a criação de ciclovias seguras e em rede, a fim de incentivar a locomoção por bicicleta

Quem frequenta a região da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em Florianópolis percebe os problemas da mobilidade urbana que refletem, principalmente, nos congestionamentos. Para mudar essa realidade, o Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Ecologia e Desenho Urbano (Gipedu), coordenado pelo professor Francisco Antônio Carneiro Ferreira, está propondo a criação de ciclovias seguras e em rede, a fim de incentivar a locomoção por bicicleta. Além disso, o grupo tem uma proposta alternativa à apresentada pela prefeitura para criação do binário com as ruas Deputado Antônio Edu Vieira (Pantanal) e Capitão Romualdo de Barros (Carvoeira).

Em suas redes sociais, o prefeito Topázio Neto anunciou que, com a conclusão da obra da Edu Vieira, em abril, nas duas vias serão instaladas ciclofaixas, que ficam à margem da via, separadas por sinalização. Ao mesmo tempo, afirmou que as vias terão um tráfego mais rápido de veículos, o que pode colocar ciclistas em risco.

Em uma nota sobre o sistema binário (que pode ser lida na íntegra abaixo), o grupo sugere medidas para atenuar os efeitos negativos e ampliar a conectividade das ruas internas aos bairros, a fim de evitar que moradores tenham que fazer o contorno de todo o binário para alcançar seu destino. “Identificamos na malha urbana do Pantanal-Carvoeira as potenciais conexões da servidão Corintians à rua Taquaras, e da rua das Acácias à rua Pedro Vieira Vidal”, sugere o Gipedu, com mapas que foram anexados ao documento.

Além disso, entre outras medidas, o grupo pede que sejam implantadas linhas de transporte circulares e internas aos bairros Pantanal e Carvoeira utilizando microônibus, “pois eles adaptam-se melhor à escala das servidões”. O Gipedu acrescenta: “Neste sentido, cabe implementar o programa de regularização de calçadas das servidões, a fim de garantir maior segurança para pedestres”.

O coordenador do Gipedu, professor Francisco Antônio Carneiro Ferreira, explica a iniciativa: “Nossa proposta de implantação de binários nos bairros vizinhos a UFSC difere da proposta da PMF, pois fundamentou-se em uma ampla consulta pública na UFSC e bairros vizinhos”. Ele também afirma que a prefeitura não consultou o grupo sobre a implementação da ciclofaixa.

O professor ainda enfatiza um ponto da nota: “Entendemos que esta intervenção, de curto prazo, deva ser aceita e aprimorada, como medida transitória, até que implante-se o Corredor de Transporte BRT, que deveria ser prioridade”.

Abaixo-assinado por ciclovias seguras

Em agosto do ano passado, o Gipedu lançou uma campanha composta por quatro abaixo-assinados, um para cada ciclovia que o grupo propõe no entorno da UFSC. Neste ano, também está sendo divulgado um formulário por meio do qual o grupo pretende identificar as percepções de individuais sobre as atuais condições de mobilidade urbana na região.

:::: Leia também: Coordenador do Gipedu da UFSC leva campanha por ciclovias seguras a Paris

A proposta do grupo é a criação de ciclovias, em vez de ciclofaixas ou ciclorrotas. Ciclovias são separadas fisicamente das pistas por onde circulam os automóveis, portanto, são mais seguras para os ciclistas. Hoje, nas principais vias no entorno da universidade em Florianópolis, há ciclofaixas, como a da avenida Desembargador Vítor Lima, e ciclorrotas, como a da avenida Lauro Linhares.

O Gipedu também propõe que essas ciclovias sejam feitas em rede, por meio de binários, para conectar toda a região da bacia hidrográfica do Itacorubi. São propostos três binários: na Trindade, o binário seria formado pela Rua Lauro Linhares (sentido UFSC-Centro) e Avenida Professor Henrique Silva Fontes (sentido Centro-UFSC); no Córrego Grande, o binário seria formado pela Rua João Pio Duarte Silva (sentido UFSC-Bairro) e a Avenida Madre Benvenuta (sentido Bairro-UFSC); e no Pantanal, o binário seria formado pela Rua Deputado Antônio Edu Vieira (sentido Bairro-UFSC) e a Rua Capitão Romualdo (UFSC-Bairro).

Proposta do grupo para as vias no entorno da universidade (Imagem: Gipedu/Divulgação)

Para que o projeto se torne realidade, o grupo está contando com o apoio popular, que pode ser manifestado por meio da participação nos abaixo-assinados e/ou no questionário. A Apufsc-Sindical é uma das entidades apoiadoras da campanha, e doou uma bicileta para que o Gipedu sorteie entre os respondentes do questionário. O prazo para participação é até 5 de junho.

Responda ao questionário

Participe dos abaixo-assinados: 

Implantação da ciclovia na Rua Lauro Linhares – Florianópolis/SC

Implantação da ciclovia na Rua João Pio Duarte Silva – Florianópolis/SC

Implantação da ciclovia na Rua Dep. Antônio Edu Vieira – Florianópolis/SC

Implantação da ciclovia na Rua Capitão Romualdo de Barros – Florianópolis/SC

Estudantes do curso de Arquitetura da UFSC integram o projeto, que no momento está em campanha por assinaturas em apoio às propostas de ciclovias (Fotos: Gipedu/Divulgação)

O resultado deste trabalho de pesquisa será entregue à Câmara Municipal de Florianópolis no dia
24 de abril, em um evento denominado Bicicletaço, com o objetivo de contribuir à atualização do
Plano Diretor de Florianópolis, notadamente no capítulo relativo às estratégias de mobilidade.

Lais Godinho
Imprensa Apufsc